Os manguezais desempenham papel ecológico essencial para a manutenção da zona costeira e são de grande importância socioeconômica para as comunidades tradicionais locais. Apesar disso, suas florestas de mangue e zonas de apicum estão sendo alvo das ações antropogênicas, os quais exigem a aplicação de medidas preventivas de proteção e manejo. O presente estudo teve como principal objetivo analisar o uso e a conservação dos manguezais na costa amazônica brasileira utilizando uma abordagem a partir de sensoriamento remoto. Imagens do satélite RapidEye, no período de 2011-2015, foram processadas e classificadas para identificar, mapear e quantificar a área de conversão de manguezal e apicum em diferentes formas de uso, gerando mapas de cobertura e uso do solo. Também foram analisados os padrões espaciais dessas atividades antropogênicas e os fatores ambientais atuantes na perda dos manguezais. Para isso, foram utilizados dados globais de assentamentos humanos e mapeamento da rede viária de estradas na região. Por fim, este estudo investigou o potencial do Sistema Nacional de Áreas Protegidas para a conservação dos manguezais ao longo da área de estudo. Os resultados revelam que as florestas de mangue representam aproximadamente 92% (7.210,07 km2) da costa amazônica brasileira, enquanto os apicuns e as áreas com diferentes usos cobrem 7% (542,88 km2) e 1% (67,11 km2), respectivamente. A expansão urbana e a construção de estradas foram as principais causas da perda dos manguezais nessa região, impulsionadas por uma pressão antrópica local, em virtude do estabelecimento de assentamentos em áreas limítrofes entre as áreas de terra firme, florestas de mangue e apicuns. Nas zonas de apicum, a maior representatividade de uso ficou por conta das lagoas de produção de sal marinho. Mesmo que a área de estudo apresente baixa ocupação humana e baixa ocorrência de uso, os resultados apontam que a rede de estradas pavimentadas é o fator ambiental mais atuante na redução dos manguezais na região. Além do mais, ao longo de 2.024 km de estradas pavimentadas, as estradas sem pavimentação (17.496 km) apresentam maior acessibilidade aos manguezais, já que aproximadamente 90% das ocorrências do uso aconteceram nos primeiros 3 km de distância dessas estradas. Apesar disso, as Unidades de Conservação criadas na região desempenham um importante papel para a proteção desses manguezais e seus apicuns, principalmente em função da implantação das RESEXs. A grande maioria das florestas de mangue (84,4%) e salinas (91,5%) está localizada dentro das áreas protegidas, e as atividades humanas são mais comuns fora do que dentro dessas áreas. No geral, os manguezais da zona costeira amazônica estão ainda bastante conservados, pois menos de 1% de sua área é afetado por atividades antrópicas. Isso enfatiza a importância de investir esforços de prevenção para manter a preservação desse ecossistema, e contribuir para estabilidade e desenvolvimento de uma das maiores áreas de manguezal do mundo.