Esse estudo avaliou, através da análise histológica de órgãos de camundongos e sintomatologia, os efeitos tóxicos induzidos pelo veneno da espécie brasileira de viúva negra, Latrodectus curacaviensis, e a capacidade protetora do soro antilatrodéctico. Foram avaliados 40 camundongos Mus musculus Swiss, divididos em quatro grupos: (1) camundongos inoculados com veneno latrodéctico, (2) camundongos inoculados com soro antilatrodéctico, (3) camundongos inoculados com veneno latrodéctico e tratados com soro antilatrodéctico; e (4) camundongos inoculados apenas com solução salina 0,85% estéril, sendo este o controle. Foi realizada uma análise sintomatológica com posterior eutanásia e necropsia dos animais para análise histopatológica do cérebro, pulmão, fígado e rim. Este estudo evidenciou que o veneno de Latrodectus curacaviensis, em modelo animal, apresentou sintomatologia característica de latrodectismo e causou danos hepáticos, renais, pulmonares e cerebrais, tais como: no fígado, degeneração macro/micro vacuolar, anisocariose, inflamação e necrose; no cérebro e cerebelo apresentou congestão e edema; no pulmão foi observado congestão, edema, enfisema, inflamação e hemorragia; no rim apresentou congestão, degeneração tubular, inflamação e hemorragia. O grupo inoculado apenas com o soro antilatrodéctico e o grupo controle apresentaram algumas alterações histopatológicas, mas com menor relevância para o estudo. O grupo inoculado com veneno e soro (soroneutralização) apresentou alterações histopatológicas, mas com menor intensidade em relação ao grupo administrado apenas com o veneno. Concluímos que o soro antilatrodéctico foi eficiente em minimizar os efeitos do veneno uma vez que houve aumento da sobrevida dos animais, redução dos danos histopatológicos e, principalmente, redução dos sintomas decorrentes do envenenamento.