Considerando a necessidade de reduzir custos com os substratos comerciais, estudos relacionados ao aproveitamento dos resíduos agrícolas tornaram-se imprescindíveis, pela possibilidade de utilizá-los como componentes dos substratos na produção de mudas, e por minimizar o risco de contaminação ambiental decorrente do descarte
inadequado. Assim, este trabalho justifica-se no sentido de propor a formulação de um substrato composto por resíduos agrícolas em substituição ao substrato comercial, objetivando a obtenção de mudas de qualidade e a avaliação do desenvolvimento vegetativo na fase de produção do repolho. O experimento foi conduzido no Município
de Santa Tereza-ES e foi divido em duas fases: uma primeira fase de produção de mudas e uma segunda fase de desenvolvimento e desempenho em campo e produção de repolho. Na fase de produção de mudas, o delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado (DIC), com seis tratamentos e oito repetições,
sendo um tratamento com substrato comercial (Bioplant®) e cinco tratamentos com proporções crescentes de moinha/decrescentes de casca de arroz (0/40; 10/30; 20/20; 30/10 e 40/0%) e proporções fixas de fibra de coco (15%) e casca de pinus (45%). As avaliações ocorreram aos 33 dias após a semeadura (DAS) consistindo-se
nas determinações da condutividade elétrica e do pH do substrato, ambos antes da semeadura e aos 33 DAS, na altura da planta, no diâmetro do coleto, no número de folhas por planta, nas quantificações das massas de matéria seca da raiz e da parte aérea e na determinação do Índice de Qualidade de Dickson. O substrato contendo
apenas casca de arroz, fibra de coco e casca de pinus apresentou menor qualidade de mudas de repolho. Os tratamentos contendo proporções crescentes de moinha (10 a 40%) em substituição à casca de arroz carbonizada substituiu o substrato comercial, sem que houvesse prejuízos à qualidade de mudas de repolho. Os substratos
contendo as maiores proporções de moinha (30 e 40%), em substituição à casca de arroz carbonizada, proporcionou variáveis de crescimento estatisticamente iguais ou superiores ao substrato comercial. Na fase da produção em campo, o delineamento utilizado foi o de blocos casualizados (DBC), com seis tratamentos e quatro
repetições, em unidades experimentais com 24 (vinte e quatro) plantas, totalizando 576 (quinhentos e setenta e seis) plantas. Em cada bloco foram sorteados os tratamentos seguindo a mesma distribuição da fase de mudas (T1-substrato 7 comercial: T2-0:40, T3-10:30, T4-20:20, T5-30:10, e T6-40:0). As variáveis de desenvolvimento e produção de repolho avaliadas foram o ciclo da cultura (CC), compacidade (CO), diâmetro de cabeça (DC), folhas externas basais (FEB), massa de matéria fresca da cabeça (MFCA) e produtividade média de repolho (PM). O
acréscimo de moinha (e decréscimo de casca de arroz) no substrato, principalmente, na maior proporção utilizada (40%) não apresenta diferenças significativas nas variáveis de produção de repolho, quando comparadas ao substrato comercial, podendo ser uma interessante opção de substrato alternativo para agricultores(as)
familiares produtores(as) de repolho, em sistemas de produção orgânica e/ou em propriedades agroecológicas. Em razão da maior disponibilidade de moinha na região Centro Serrana do Espírito Santo, além do baixo custo de aquisição, recomenda-se o substrato alternativo composto por 40% de moinha, 15% de fibra de coco e 45% de casca de pinus na produção de mudas de repolho, em substituição ao substrato comercial.