RESUMO
DUQUE, Carla Myrrha Chaves.Alterações Comportamentais e Neuroendócrinas em
Camundongos sob os Status de Hipercortisolemia X Hipocortisolemia. 2018. Tese
(Doutorado em Medicina Veterinária, Ciências Clínicas). Instituto de Veterinária,Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2018.
Desde que foi estabelecida a relação entre o estresse e a saúde física e mental, os estudos sobre
seus mecanismos e efeitos nos indivíduos tornaram-se mais frequentes. Assim, modelos
animais foram desenvolvidos a fim de propiciar uma investigação abrangente dos mecanismos
envolvidos no estresse, bem como, sua relação com os diversos sistemas orgânicos. No presente
estudo, objetivamos estudar a relação dos comportamentos relacionados à ansiedade com os
eixos hipotálamo-hipófise-adrenal (EHHA), pela dosagem de corticosterona plasmática, e
hipotálamo-hipófise-tireoide (EHHT), por meio das dosagens plasmáticas de tireotrofina (TSH)
e tiroxina (T4) em dois modelos distintos: um modelo farmacológico de administração de
dexametasona (10 mg/kg sc 10 dias) e outro cirúrgico, isto é, a adrenalectomia bilateral, para a
indução de hipercortisolemia e hipocortisolemia, respectivamente, em camundongos machos
adultos (30g, n = 12). Surpreendentemente, os animais tratados com dexametasona (grupo
DEX, n = 12) apresentaram características de comportamento ansiolítico nos testes de campo
aberto e labirinto em cruz elevado, semelhantes aos animais adrenalectomizados, em quem o
comportamento ansiolítico era esperado. Esta semelhança se manteve nos níveis de
corticosterona endógena dosada no plasma de ambos os grupos, revelando diminuição
significativa de seus valores em relação aos grupos controle (P < 0,05). Em um outro grupo,
onde a dexametasona foi descontinuada por sete dias (grupo DEX + retirada, n = 12), embora
os níveis de corticosterona tenham sido normalizados neste paradigma, o comportamento
ansiolítico permaneceu na maioria dos testes comportamentais. Quanto ao EHHT, observou-se
que a dexametasona reduziu a secreção de TSH sem alterar os níveis de T4 no DEX comparado
ao controle. A retirada do corticoide (grupo DEX + retirada) restabeleceu os níveis de TSH,
mas revelou hipotireoidismo (queda dos níveis de T4 comparado ao controle, P < 0,05) sete
dias após a retirada. Portanto, esses dados em conjunto nos permite concluir que, pelo menos
para os efeitos comportamentais, o tratamento com dexametasona simulou efeitos de hipo e não
de hiperfunção adrenal, demonstrados pela observação dos achados comportamentais que
lembram efeitos ansiolíticos obtidos no grupo tratado com dexametasona (DEX),
Adicionalmente,estes efeitos permanecem sete dias após a retirada do fármaco, a despeito da
normalização dos níveis plasmáticos de corticosterona endógena. Por outro lado, quanto ao
EHHT, a dexametasona parece exercer efeitos tardios diretos de bloqueio do EHHT. Por fim, a
escolha da dexametasona na prática clínica exige maior cautela em medicina veterinária devido
as suas consequências imediatas e tardias na fisiologia dos eixos neuroendócrinos e no
comportamento e bem estar animal.
Palavras chave: Estresse, adrenalectomia, dexametasona, camundongos.