Nos últimos anos, os dados batimétricos têm apresentado seu potencial de uso para além
daquele estrito à navegação marítima, variando desde o conhecimento do território, a defesa,
a economia, a pesquisa, as relações internacionais a outros. Devido as dificuldades inerentes
à sua obtenção, que envolve o aprimoramento de técnicas de medições e elevados custos,
diversas são as iniciativas em busca de um mapeamento do fundo marinho adequado às
escalas: local, regional e global. Contudo, percebe-se ainda que a indisponibilidade de acesso
à tal informação de forma simples e ágil, por vezes tem comprometido os avanços técnico-
científicos nacionais. Recentes trabalhos apontam que devido à complexidade e volume
deste tipo de dado espacial, a busca pela eficiência em sua gerência, armazenamento e
divulgação perpassa por soluções baseadas no conceito Marine Spatial Data Infrastructure
(MSDI). Assim, concatenado aos regulamentos e princípios da Infraestrutura Nacional de
Dados Espaciais (INDE) e da Norma de Acesso aos Dados e Informações Abertas da
Diretoria de Hidrografia e Navegação (NAD-DHN), bem como as orientações da
Organização Hidrográfica Internacional (OHI) e da Comissão Oceanográfica
Intergovernamental (COI), este trabalho visa promover a análise dos dados batimétricos
oficiais ora disponíveis, bem como apresentar o estudo de parte da superfície batimétrica
desenvolvida no âmbito do projeto LEPLAC (Plano de Levantamento da Plataforma
Continental Brasileira). Tal ação tem como objetivo principal prover subsídios para a
qualificação inédita desta superfície batimétrica regional, para fins de seu uso como
referência à futuras análises e pesquisas brasileiras. A metodologia desenvolvida a este
estudo contempla a aplicação de um conjunto de ferramentas estatísticas capazes de auxiliar
as análises quantitativas e qualitativas, por meio da comparação desta superfície (LEPLAC
Sul), bem como de outros modelos digitais de terreno disponíveis (ETOPO1 e
GEBCO_2014), frente à dados batimétricos de controle oriundos de um levantamento
hidrográfico. Os resultados obtidos mostram que a superfície LEPLAC Sul atingiu os
maiores índices de correlação e determinação, bem como o menor valor ao REMQ (Raiz do
Erro Médio Quadrático) junto ao dado de controle. Ademais, os modelos batimétricos
GEBCO_2014 e ETOPO1 apresentaram a existência de artefatos, ou seja, dados espúrios;
enquanto a superfície LEPLAC Sul foi a única que não demonstrou este tipo de
comportamento. Portanto, a superfície LEPLAC Sul mostra-se capaz de contribuir à
implantação de uma Infraestrutura de Dados Espaciais Marítimos (IDEM), demonstrando
sua eficiência como base a novas pesquisas científicas, como caso da modelagem
climatológica e oceanográfica ou da delimitação de províncias geomorfológicas submarinas
e limites territoriais. Por fim, pretende-se desta forma incentivar a discussão sobre as
políticas de intercâmbio de dados hidrográficos nacionais com uso de boas práticas à gestão
de soluções tecnológicas sustentáveis.