A infestação do tecido vivo por larvas de dípteros (miíases) ainda é uma das principais ectoparasitoses que acometem animais de produção. Entretanto, o controle convencional através da aplicação de inseticidas sintéticos trouxe consequências negativas nas últimas décadas, tais como: aumento da seleção de ectoparasitos resistentes, riscos para a segurança alimentar através do acúmulo de resíduos em produtos de origem animal, contaminação ambiental e principalmente o comprometimento do bem-estar animal. Neste sentido, os metabólitos secundários
produzidos por plantas, principalmente os óleos essenciais (OE), vêm ganhando destaque como uma nova alternativa de controle. Os OE são de origem natural, sustentáveis e de baixa toxicidade aos animais e ao meio ambiente. O objetivo deste estudo foi avaliar a bioatividade de dois OE e seus compostos majoritários sobre moscas causadoras de miíases, para selecionar novos candidatos a biopesticidas.Neste sentido, a presente tese está dividida em cinco capítulos, seguido de um material suplementar, apresentados em formato de Introdução, Manuscritos, Material
suplementar e as Considerações Finais. O primeiro manuscrito acessou a atividade inseticida do OE extraído das folhas de Curcuma longa e de seu composto majoritário; α-felandreno sobre larvas de terceiro instar (L3) de Lucilia cuprina. O OE extraído das folhas de C. longa e α-felandreno inibiram a emergência de adultos em 96,22 e 100%, utilizando as doses de 1,59 e 1,47 μL/cm2, respectivamente. Ainda, danos morfológicos em órgãos alvo foram observados através da observação macroscópica, ultraestrutural e histopatológica. O segundo manuscrito avaliou a
atividade inseticida do OE extraído das folhas de C. longa e de seu composto majoritário; α-felandreno sobre L3 de Cochliomyia macellaria acessando também os biomarcadores de toxicidade larval. Valores de mortalidade de 96,66% foram observados utilizando a dose de 1,27 e 1,47 μL/cm2 do OE de C. longa e α-felandreno, respectivamente. Além disso, alterações histológicas e ultraestruturais foram observadas. O objetivo do terceiro manuscrito seguiu a mesma abordagem, utilizando C. macellaria e L. cuprina como modelo biológico, acessando lesões histológicas. Os valores da concentração letal de 50% (CL50) para o OE de M. villosa e carvone, 24 h após o contato, foi de 1,64 e 0,63μL/cm2 para C. macellaria, e 1,1 and 0,3μL/cm2 para L. cuprina, respectivamente. Citotoxicidade significativa também foi observada em órgãos alvo, como túbulos de Malpighi, trato digestivo, corpo gorduroso, músculo e cérebro das L3 tratadas (p<0,05). O objetivo do material suplementar foi avaliar bioquímicamente biomarcadores após contato com doses sub-lethais dos OE de C. longa, M. villosa e seus compostos majoritários, α-felandreno e carvone. O marcador de neurotoxicidade (AChE), a resposta de lipoperoxidação (LPO) e os marcadores de estresse oxidativo (CAT e SOD) foram mensurados após contato com doses sub-letais dos extratos utilizados após 6 h de exposição. Os resultados encontrados sugerem que os extratos avaliados induziram estresse oxidativo. De modo geral, resultados superiores foram observados utilizando o OE de M. villosa e seu composto majoritário carvone quando comparados aos resultados obtidos nos ensaios biológicos com o OE de C. longa e
α-felandreno. Em conclusão, todos os extratos avaliados apresentaram significativa atividade inseticida em baixas doses, demonstrando seu potencial como candidatos a novos biopesticidas.