Os flavivírus são considerados uma séria ameaça à saúde pública em diversas
partes do mundo, pois muitos são agentes altamente patogênicos a seres humanos
e animais, tais como os vírus da febre amarela, vírus do Oeste do Nilo, vírus da
encefalite japonesa e vírus da dengue, capazes de causar encefalites ou febres
hemorrágicas em seus hospedeiros. Muitos deles têm avançado a diferentes regiões
geográficas onde sua circulação não havia sido detectada previamente, causando
novos surtos. O diagnóstico clínico destas infecções é, muitas vezes, difícil, devido
ao grande número de sintomas apresentados, que podem se confundir com outras
enfermidades de diferentes causas etiológicas. Os principais métodos diretos
utilizados atualmente no Brasil para detecção destes vírus são a inoculação
intracerebral em camundongos neonatos, inoculação em culturas de células e RTPCR
específica. O presente trabalho tem como objetivos avaliar a sensibilidade e
validar a detecção dos vírus pertencentes ao gênero Flavivirus circulantes no Brasil
por meio de uma reação single de RT-PCR em tempo real e implementá-la, tanto na
rotina diagnóstica de casos com suspeita de arbovirose como na pesquisa de
amostras de campo para monitoramento viral. Amostras dos flavivírus padrões da
Febre Amarela, Bussuquara, Iguape, Ilheus, Encefalite de Saint Louis, Cacipacore e
Zika foram quantificados por titulação em unidades formadoras de placa (UFP) ou
TCID50 para se avaliar os limites de detecção para cada um deles por RT-qPCR
que detecta o gênero Flavivirus. Os limites encontrados variaram de 0,01 UFP, para
o vírus Ilheus, a 1 UFP, para os vírus da Febre Amarela e Iguape, e 1x101,6
TCID50/100µL para o vírus Bussuquara. Além disso, o presente trabalho foi capaz
de identificar, após sequenciamento de cDNA gerado, os vírus Zika, isolado de um
paciente febril, e os vírus Ilheus e Iguape, isolados a partir de diferentes espécies de
Culicídeos, após uma única reação de RT-qPCR, e um possível novo flavivírus
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específico de insetos, isolado de mosquitos Aedes coletados em Guapiaçu, São
Paulo. Não houve sinal de amplificação para os Alphavirus Mayaro e Chikungunya.
O presente protocolo mostrou-se com alta sensibilidade e especificidade, podendo
dessa forma ser utilizado para o diagnóstico diferencial dos diferentes flavivírus que
ocorrem no Brasil, bem como para estudos de monitoramento viral em animais
sentinelas e vetores, colaborando dessa forma com a saúde pública. Pode-se, ainda,
detectar possíveis novos vírus específicos de artrópodes.