Em 2016, 28,3% dos alunos da 12ª ano nos EUA relataram qualquer uso de cigarros durante a vida. Nos EUA, o uso do tabaco é a principal fonte de doenças evitáveis, deficiência e morte. O Centro de Controle de Doenças (CDC) estima que o uso de cigarros ou a exposição de segunda mão são responsáveis por mais de 480.000 mortes prematuras. Nesse país, os seguintes fatores foram associados a uma maior probabilidade de fumar ou usar tabaco: idade avançada (adolescente); sexo masculino; raça branca, multi-étnica, nativo-americano ou nativo do Alasca; falta de planos de cursar a faculdade; experimentar eventos altamente estressantes e percepção de risco diminuída em relação ao consumo de tabaco. Em 2010, cerca de 2,6 milhões de adolescentes americanos (entre 12 e 17 anos) relataram o uso de um produto de tabaco no mês anterior à pesquisa. Nesse mesmo ano, descobriu-se que quase 60 por cento dos novos fumantes tinham menos de 18 anos quando fumaram um cigarro pela primeira vez. Dos fumantes menores de 18 anos, mais de 6 milhões provavelmente morrerão prematuramente de uma doença relacionada ao tabagismo. Embora os relatórios internacionais mostrem uma tendência crescente no primeiro uso de tempo na adolescência, poucos estudos abordaram esta questão no Brasil. Em 2012, havia 34.745.214 milhões de adolescentes na faixa etária de 10-19 anos e em estudantes, a prevalência ao longo da vida para consumo de tabaco e álcool foi de 16,9% e 60,5%, respectivamente. A prevalência de um ano foi de 9,8% para o tabaco e 41,1% para o consumo de álcool. No Brasil, o tabaco e o álcool são as drogas mais usadas durante a adolescência, com uma estimativa de 8,1% do consumo de tabaco e 43,6% do tabaco na faixa etária de 13 a 15 anos. Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, os seguintes fatores de risco têm sido associados ao uso do tabaco durante a adolescência: sexo masculino, idade avançada, menor status socioeconômico, com um amigo ou parente de primeiro grau que fuma, desempenho escolar fraco, trabalho profissional e divórcio parental. No Brasil, a 2ª Pesquisa Nacional de Saúde (PeNSE) - com uma amostra de alunos do 9º ano de escolas públicas e privadas - mostrou maior probabilidade de experimentação de tabaco e tabagismo para adolescentes que apresentaram os seguintes fatores de risco: escolaridade parental mais baixa, atendimento de escola pública, família monoparental, trabalhando no momento da pesquisa, em torno de outros que fumam e têm uma percepção familiar positiva para o tabagismo. Os países de baixa e média renda (LMIC) representam mais de dois terços da população infantil e, embora os problemas de saúde mental afetem 10-20% dos jovens em todo o mundo [7], uma minoria de estudos epidemiológicos tem foco nesses países. Embora tenha sido descoberto muito sobre as tendências do consumo de tabaco durante a adolescência, há uma escassez de dados longitudinais que exploram os fatores associados (como fatores contextuais) e as possíveis comorbidades psiquiátricas que podem vir ao aumento do uso do tabaco durante esse período. Este estudo tem como objetivo fornecer informações detalhadas sobre a incidência do consumo de tabaco e álcool, bem como fatores contextuais e comórbidos associados a uma coorte brasileira longitudinal de adolescentes atendidos na escola. Este estudo é parte da Urbanicidade, trauma de infância e psicopatologia comórbida em adolescentes no Brasil, que se concentrou nos possíveis fatores de risco modificáveis que poderiam contribuir para o uso de drogas e o desenvolvimento da psicopatologia na adolescência.
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O objetivo principal deste estudo foi avaliar a incidência do consumo de tabaco e álcool em uma amostra representativa de 116 estudantes de 13 anos de dois bairros - Capão Redondo e Vila Mariana - na cidade de São Paulo, Brasil, por meio do critérios do DSM-5. Também estimamos as prevalências de ODD, CD, GAD, MDD, PTSD e SUD e investigamos o possível padrão de comorbidade em adolescentes com consumo de tabaco e álcool. Além disso, exploramos as possíveis associações entre álcool e sexo, baixas variáveis de SES, vizinhança e violência. Esperamos que as taxas de incidência de tabaco e álcool sejam associadas ao baixo status socioeconômico (SES) e às variáveis de vizinhança.