Introdução: A obesidade é um sério problema de saúde que vem aumentando
nos últimos anos. Objetivos: Verificar a prevalência de pacientes admitidos na
UTI com Índice de massa corporal (IMC) 30 kg/m²; caracterizar os pacientes
segundo IMC 30 kg/m² e IMC < 30 kg/m² e comparar os grupos considerando as
variáveis demográficas, clínicas, de internação e carga de trabalho de
enfermagem; identificar os fatores de risco para óbito e tempo de internação na
UTI dos pacientes obesos. Método: Estudo transversal, prospectivo realizado
durante seis meses consecutivos, em um centro de terapia intensiva. A amostra foi
constituída de pacientes > 18 anos, com o peso registrado até 24 horas depois de
sua admissão na UTI. A análise descritiva foi feita por meio dos testes qui
quadrado, exato de Fisher, t de Student e Mann Whitney. Pacientes com IMC 30
kg/m² foram divididos em classes e aplicaram-se os testes ANOVA e Kruskal
Wallis. Para a análise dos fatores de risco para óbito e tempo de internação na
UTI, foram aplicadas as regressão logística e linear múltipla. Resultados: A
prevalência da obesidade na amostra de 530 pacientes foi de 19,8%, sendo mais
frequente em mulheres (p=0,025). A idade média dos pacientes obesos foi de 57,8
anos, foram predominantemente cirúrgicos (62,9%) e permaneceram, em média,
6,8 dias na UTI e 20,3 dias no hospital. Não houve diferença na média do escore
do Índice de Comorbidade de Charlson (IC de Charlson) entre obesos e não
obesos, porém, os pacientes com IMC 30 kg/m² tinham, com maior frequência,
Diabetes Mellitus (p=0,008), Hipertensão Arterial Sistêmica (p<0,001) e
Dislipidemia (p=0,042). A média dos escores Simplified Acute Physiology Score
(SAPS 3), Sequential Organ Failure Assessment (SOFA) de admissão, SOFA
saída, carga de trabalho de enfermagem, o tempo de VPM e número de eventos
adversos não revelou diferenças estatísticas. No grupo de obesos, os mórbidos
eram mais jovens (p<0,001), apresentaram menor IC de Charlson (p=0,002), menor SAPS 3 (p=0,047), menor SOFA de admissão (p=0,019), menor tempo de
internação na UTI (p=0,015) e no hospital (p=0,039), porém, maior carga de
trabalho de enfermagem (p=0,004). A análise do aumento do IMC como fator
relacionado ao óbito indica a obesidade como fator protetor (OR= 0,95; IC 95%
0,90,99; p=0,026). No grupo de obesos, SOFA e NAS relacionaram-se ao tempo
de internação e óbito na UTI. Conclusão: A prevalência de obesidade na UTI foi
de 19,8%, principalmente em mulheres. A mortalidade e morbidade não foram
diferentes entre os grupos de obesos e não obesos e os fatores de risco
identificados foram SOFA, carga de trabalho, tipo de paciente e duração de
ventilação pulmonar mecânica.