O fluido do oviduto (FO) desempenha importante função na capacitação espermática e fertilização. Ainda, as células epiteliais do oviduto (CEO) interagem com o espermatozoide (SPZ) prolongando a sua vida útil. Evidências na literatura sugerem que o FO varia de acordo com a fase do ciclo estral, no entanto, pouco se sabe sobre os efeitos dessa variação na função espermática. Assim, o objetivo do estudo foi avaliar o efeito do FO da fase folicular e luteal e a interação do SPZ com CEO na modulação da função espermática e dos processos de capacitação/reação acrossômica (RA). Para alcançar esse objetivo, dois experimentos foram realizados. Para isso, FO na fase folicular e luteal (classificação baseada na morfologia ovariana) e CEO foram obtidas de ovidutos de vacas oriundas de matadouro. Para ambos os experimentos, após a técnica de swim-up (pool de três carneiros), os SPZ foram distribuídos aleatoriamente nos grupos experimentais. No experimento 1, 8 x 106 SPZ/mL foram adicionados ao meio: i) Fert-TALP (controle positivo), ii) Fert-TALP sem indutores da capacitação espermática (Fert-TALP modificado; controle negativo), iii) Fert-TALP modificado, suplementado com 10% de FO da fase folicular ou iv) FertTALP modificado, suplementado com 10% de FO na fase luteal. No experimento 2, para mimetizar as condições do oviduto durante a fase folicular e luteal, as CEO foram cultivadas no meio TCM-199, suplementada com 10% de soro fetal bovino até a confluência. Previamente (24 h) ao cocultivo com SPZ, foi realizada a indução das condições luteal e folicular pela suplementação dos hormônios 17 β-estradiol (E2) e progesterona (P4) no meio nas concentrações detectadas no oviduto durante estas fases. Para o cocultivo, 8 x 106 SPZ/mL foram adicionados na presença da monocamada de CEO: i) CEO fase folicular – cocultivo de SPZ e CEO no meio FertTALP, com suplementação de 290 pg/mL E2 e 6 ng/mL P4 (concentração similar a fase folicular); ii) CEO fase luteal – cocultivo de SPZ e CEO no meio Fert-TALP, com suplementação de 80 pg/mL E2 e 85 ng/mL P4 (concentração similar a fase luteal); iii) cultivo de SPZ no meio Fert-TALP, com suplementação de 290 pg/mL de E2 e 6 ng/mL P4 e iv) cultivo de SPZ no meio Fert-TALP, com suplementação de 80 pg/mL E2 e 85 ng/mL P4. Para o grupo controle positivo, foi utilizado o meio Fert-TALP convencional. Os SPZ foram incubados a 38 °C em 5% de CO2 e os parâmetros da cinemática espermática, integridade da membrana plasmática (MP) e status da capacitação espermática foram avaliados após 0, 2, 4, 6 e 18 e 24 h. As variáveis foram submetidas ao teste two-way ANOVA com medidas repetidas (Bonferroni; P < 0,05). Os resultados do Experimento 1, mostraram que a incubação de até 4 h com FO independente do estágio do ciclo estral promoveu aumento na maioria dos parâmetros da cinemática espermática de forma similar (P ˃ 0,05) ao grupo controle positivo, enquanto que no Experimento 2, esses parâmetros foram reduzidos (P < 0,05) pelo co-cultivo entre SPZ e CEO, independente do estágio do ciclo estral. A integridade da MP não foi afetada (P ˃ 0,05) pela incubação com FO e CEO na fase folicular ou luteal. Incubação com FO independente do estágio do ciclo estral apresentou maior (P < 0,05) taxa de RA em comparação ao grupo controle negativo após longo tempo de incubação (18-24 h) enquanto que a interação das CEO (folicular ou luteal) reduziu (P < 0,05) a taxa de capacitação espermática em comparação ao grupo controle positivo ao longo da incubação. Conclui-se que utilizando a espécie ovina como modelo, a adição do FO na fase folicular ou luteal promove um aumento na cinemática espermática até 4 h de incubação e na taxa de RA após 18-24 h, enquanto que a interação das CEO com SPZ reduz a cinemática espermática e atrasa a capacitação espermática in vitro.