O presente trabalho tem como objetivo principal apresentar as transformações ocorridas na estrutura produtiva do semiárido dos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, nos anos de 2000 a 2015. Acredita-se que a ocupação inicial desse território tem influência marcante na conformação espacial de suas atividades produtivas, tendo em vista, entre outros fatores, o caráter mais homogêneo dos municípios dessa região, vinculados aos aspectos de ocupação (de variáveis econômicas, sociais e culturais). Nessa visão, as hipóteses
levantadas foram: i) neste subespaço, as condições vivenciadas no território e no país desembocaram em um desenvolvimento segregado e concentrador das atividades econômicas instauradas; ii) as políticas para redução do atraso relativo entre as grandes regiões não se realizaram do mesmo modo para todo o subespaço, aumentando as disparidades internas. Para chegarmos a esses resultados, utilizamos variados métodos de pesquisa de acordo com o
propósito dos capítulos: a) histórico, aponta o legado deixado pela condução do processo de ocupação produtiva do território; b) documental, com consultas diretas a documentos históricos, econômicos e jornalísticos; c) estatístico descritivo, apontando a evolução de algumas variáveis; d) cartografia temática com a elaboração de mapas para apontamentos locacional das atividades produtivas. Desse modo, verificou-se que a atual configuração
espacial das atividades econômicas foi de fato influenciada, no limite, pela configuração produtiva secular desse território, sendo utilizada como pano de fundo para Políticas de Desenvolvimento Regional, tais como: a intervenção direta do Estado através do planejamento, orquestrada pela SUDENE. Foi identificado que apesar de ter ocorrido uma significativa reconfiguração e diversificação produtiva nos Estados estudados, fruto direto ou
indireto das políticas para redução do atraso relativo, essas ações não foram absorvidas uniformemente pelas microrregiões, criando, desse modo, um semiárido com pontos de desenvolvimento à revelia da maior parte do território estudado, desenvolvendo ainda mais hiatos de desigualdade entre suas regiões.