O controle da dor em equinos é particularmente dificultado devido às características
anatômicas, fisiológicas e comportamentais, que podem levar à efeitos adversos como
bloqueio motor com risco de decúbito, excitação, hipomotilidade intestinal e sedação
intensa. O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficácia analgésica, sedação, locomoção e
a influência sobre os parâmetros cardiovasculares, respiratórios, motilidade intestinal e
atividade muscular, da ropivacaína e metadona isoladas ou em associação, administradas
por via epidural em equinos. Foram utilizados nove cavalos hígidos, que receberam
cateter epidural direcionado 10 cm cranialmente a partir do espaço sacrocaudal. Vinte e
quatro horas após a colocação do cateter epidural, os animais receberam aleatoriamente
três tratamentos com intervalo de 48 horas entre eles, onde foram administrado por via
epidural 0,15 mg/kg de ropivacaína 0,5% (grupo R), 0,1 mg/kg de metadona 0,33%
(grupo M) e 0,15 mg/kg de ropivacaína associado à 0,1 mg/kg de metadona (grupo RM),
perfazendo um volume final de 0,03ml/kg. Foram avaliados: frequência cardíaca,
frequência respiratória, pressão arterial sistólica, motilidade intestinal, comportamento,
sedação e ataxia, limiar nociceptivo mecânico e térmico e amplitude máxima do sinal
eletromiográfico da contração dos músculos tensor da fáscia lata, bíceps femoral,
semitendinoso e extensor digital longo avaliados através da eletromiografia de superfície
bilateralmente. Todos os parâmetros foram avaliados no momento basal e em 5 momentos
após a anestesia epidural (30 minutos, 1, 2, 3 e 4 horas). Nenhum dos tratamentos
avaliados promoveram efeito sedativo e alterações significativas sobre a motilidade
intestinal, função cardiovascular e respiratória em cavalos conscientes. Entretanto houve
ataxia leve nos animais que receberam ropivacaína por via epidural. O grupo RM
promoveu aumento significativo do tempo de resposta ao estímulo térmico na região da
tíbia, aumento do limiar mecânico na região torácica lombar, diferindo-se de R e M. O
grupo R promoveu aumento da amplitude máxima do sinal de contração nos músculos
avaliados. O grupo RM e o grupo M, promoveram diminuição deste parâmetro no
músculo extensor digital longo e semitendinoso, respectivamente. Conclui-se com este
estudo que a administração epidural de ropivacaína, metadona e a associação destes
fármacos por via epidural, não promovem efeitos significativos sobre os parâmetros
cardiorrespiratórios, motilidade intestinal e sedação em equinos saudáveis. A associação
de ropivacaína e metadona promove analgesia mais extensa e duradoura em comparação
aos demais tratamentos, apresentando potencial de uso clínico para o controle multimodal
da dor em cavalos saudáveis e em estação. O uso da ropivacaína por via epidural promove
bloqueio motor incompleto quando administrados por via epidural, sendo observado
ataxia e aumento da amplitude máxima de contração nos músculos tensor da fáscia lata,
bíceps femoral, extensor digital longo e semitendinoso na eletromiografia.