RESUMO
A represa Billings, localizada na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), engloba também os municípios de Santo André, São Bernardo do Campo, Diadema, Ribeirão Pires e São Paulo, encontra-se, atualmente, em um estado eutrofizado que contribui para a formação de florações de cianobactérias, que, além de alterarem as características físicas e químicas da água (penetração de luz, diminuição nos níveis de oxigênio, etc) possuem a capacidade de produzir toxinas, especificamente denominadas de cianotoxinas. Neste trabalho, foi estudado a potencial capacidade da produção de quatro cianotoxinas diferentes: anatoxina-a, cilindrospermopsina, microcistina e saxitoxinas na população natural. Estas toxinas podem causar uma série de problemas de saúde para a biota, incluindo a população humana. Portanto, para que a água da represa possa ser utilizada para abastecimento público é necessário que uma série de parâmetros sejam respeitados e, dentre estes, está o monitoramento da presença de cianobactérias e cianotoxinas. Este trabalho teve como objetivo principal identificar e quantificar a ocorrência de cianobactérias no Corpo Central 1 da Represa Billings e a presença de genes responsáveis pela produção de quatro tipos de cianotoxinas na população natural de cianobactérias. Foram escolhidos quatro pontos distintos na Represa Billings, onde foram realizadas quatro coletas em três anos consecutivos, em períodos diferentes do ano (estiagem e chuvoso). A presença das cianobactérias foi avaliada por identificação e posterior quantificação por contagem e densidades expressadas utilizando o biovolume (mm³/L). As amostras ambientais foram utilizadas diretamente para extração de DNA total e posterior reações de PCRs para detecção de genes produtores de cianotoxinas (anatoxina-a – anaC e anaF; cilindrospermopsina – cyrA, cyrB, cyrC e cyrJ; microcistina – mcyE e saxitoxina – sxtA, sxtB e sxtI). Os resultados mostraram que as cianobactérias dominaram durante o período de estiagem e parcialmente durante a coleta 4 (período chuvoso), atingindo o valor máximo de 61,65 mm³/L no ponto 4 e o menor valor durante a coleta 4, no ponto 3 (1,37 mm³/L). Esta dominância das cianobactérias está relacionada principalmente com as variáveis ambientais precipitação, temperatura e radiação solar (matriz de correlação). Além disso, podemos destacar as espécies Woronichinia naegeliana (coletas 1 e 3, todos os pontos) e Microcystis aeruginosa (coleta 4, ponto 2) como espécies dominantes. Os resultados de biologia molecular mostraram a presença dos genes produtores de microcistina no DNA total da comunidade microbiana em todos as amostras obtidas nas quatro coletas, os de cilindrospermopsina nas amostras das coletas 1 e 4 e os de saxitoxina nas amostras da coleta 1. Não houve amplificação positiva dos genes de anatoxina-a.