Diversos autores vêm, ao longo dos anos, dedicando-se a pesquisas histórico-críticas sobre extensão rural, das proposições teóricas e de suas práticas. Pode-se, então, argumentar a importância da extensão rural para concluir metas sustentáveis de aumento da produção agrícola, bem como melhores condições de vida às famílias do campo. Muito se fala sobre o desenvolvimento capitalista no campo, determinado pelo processo educativo do modelo exemplar americano, no início da implantação de projetos extensionistas brasileiros. Em contrapartida é possível perceber quão funcional é a ideia de informar o homem do campo sobre novas tecnologias; afim de que também haja uma comunicação saudável entre: campo, pesquisa e indústria. O sistema público brasileiro de extensão rural, grosso modo, contemplou uma crise nas últimas décadas (PEIXOTO, 2008), abrindo oportunidades para que o setor privado muitas vezes cumprisse a necessidade dos produtores. Por isso, o enfoque desse estudo, é entender e caracterizar o padrão de contratação do serviço de extensão rural, especificamente a assistência técnica, no Estado de Mato Grosso do Sul; quais as demandas de trabalho entre o setor público e privado da região, tal como analisar a forma na qual são contratados os serviços. Busca-se, ainda, compreender o caráter de substituição ou complementariedade entre o público e privado na extensão rural. Trata-se de uma pesquisa exploratória-descritiva desenvolvida por meio da aplicação de questionários semiestruturados junto aos produtores rurais de diversas atividades rurais, assim como pela condução de entrevistas em profundidade com profissionais que trabalham com a assistência técnica ao produtor rural em Mato Grosso do Sul. Os dados foram analisados por meio do método de análise de conteúdo. Com a conclusão de que a ATER – Assistência Técnica e Extensão Rural – pública é exclusivamente prestada pela Agraer, sendo complementar apenas quando ocorre entre a agência citada e o SENAR. Em contrapartida, a complementariedade entre os tipos de ATER privada é claramente usual. Fica evidente a não utilização de contratos entre as parte no setor público enquanto no setor privado ocorrem acordos informais, contratos formais e termos de adesão que dependem da fonte prestadora do serviço. De modo geral, observa-se que em 78% dos questionários adota-se uma solução de governança híbrida, realizada por assistência técnica privada (consultores autônomos e consultorias) já que em seus acordos e contratos constam frequência e a especificidade do trabalho a ser realizados, enquanto que a assistência técnica pública é adotada como uma solução de mercado, com baixa especificidade e frequência nos serviços prestados, além de incerteza nos resultados esperados. Por fim, é possível perceber o modelo de integração vertical em alguns casos, já que há contratação de técnicos na propriedade e/ou é o próprio dono o responsável pela ATER, esse garantindo uma frequência e também uma especificidade no serviço necessário para a propriedade. No último modelo citado de governança, há um indício de propriedades que se encaixam em um ambiente de sucessão familiar.