A utilização de alho como alternativa aos quimioterápicos possui destaque devido a presença de inúmeros compostos bioativos capazes de atuar como coccidiostático, promotor de crescimento e modulador do epitélio intestinal, com a vantagem de não demonstrar desenvolvimento de resistência aos agentes patogênicos, sua utilização torna-se atrativa para em rações para frangos. Objetivou-se avaliar a inclusão de bulbo de alho in natura, descascado e moído em rações para frango de corte criados em sistema semi-confinado no rendimento produtivo, no controle da infecção por Eimerias, morfometria do epitélio intestinal e rentabilidade econômica. No total, foram utilizados 600 frangos machos e fêmeas, com 42 dias de vida, com o experimento consistindo de cinco rações experimentais como tratamentos, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado em seis repetições. As rações foram a controle negativo sem coccidiostático (CN), controle positivo contendo coccidiostático ionóforo (CP) e dietas contendo bulbo de alho in natura, descascados e moído (AF) nos níveis de 1,5, 3,0 e 4,5%, AF1.5, AF3.0 e AF4.5, respectivamente, formuladas para duas fases de desenvolvimento, fase intermediária, dos 42 aos 74 dias e fase final dos 75 aos 107 dias de idade. A primeira parte do experimento consistiu em analisar as varáveis de
desempenho produtivo, infecção por Eimerias e identificação das espécies por morfometria e viabilidade econômica considerando a produção em lote de sexo misto, com as 600 aves. Enquanto a segunda parte, refere-se a análise isolada do desempenho, infecção por Eimerias e identificação das espécies e morfometria intestinal de frangos machos, contendo 300 aves. Na fase intermediária foi observado aumento do consumo de ração no tratamento AF1.5
(112,5 g/ave/dia) e AF4.5 (117,6g/ave/dia), sendo semelhantes entre si, com redução no consumo de ração observados nos demais tratamentos. Na fase final não foram observados efeitos significativos no desempenho. Considerando o período total experimental, observou-se aumento do consumo de ração no AF4.5 (164,8 g/ave/dia) em comparação a AF3.0 (154,9 g/ave/dia) e CP (151,13 g/ave/dia), e semelhante a CN (155,8 g/ave/dia), sem diferenças
estatísticas para as variáveis de ganho de peso e conversão alimentar. Maior rendimento da carcaça foi observado em AF3.0 (81,35%), e similar a AF4.5 (79,91%) e CN (80,32%). Para os rendimentos de peito, coxa, sobrecoxa, asa, fígado, coração, moela e gordura abdominal não foram observadas diferença entre os tratamentos, assim como não foi observado diferença significativa entre as rações com níveis de AF. Nenhuma ração experimental foi capaz de
eliminar por completo a infecção por Eimerias nos frangos, havendo menor grau de infecção nos frangos alimentados com rações AF1.5, AF3.0 e AF4.5 (4275, 2925 e 6850 unidade de oocistos) e coccidiostático (1300) nas dietas comparadas com a CN (8475). A AF3.0 foi eficaz contra E. acervulina (0,97%) e E. praecox (1,89%) na coleta inicial. Na coleta final, CP foi eficiente contra E. acervulina (0%) e E. praecox (1,92%). Os preços do quilo das rações foram proporcionais aos níveis de inclusão de alho, com CN e CP atingindo U$$ 0,303 e U$$ 0,304, respectivamente, e U$$ 0,457 para a maior inclusão de alho, AF4.5, resultando em menor rentabilidade econômica nas rações contendo AF, levando em consideração as variáveis de renda bruta média, margem bruta, índice de rentabilidade e ponto de equilíbrio. Deve-se levar em consideração que o preço do alho pode variar de acordo com região de cultivo e estação do ano, sendo a escolha da utilização em rações para frangos pautada nos benefícios do alho, com a inclusão de 3,0% de alho in natura descascado e moído propiciando melhores resultados para as variáveis de desempenho e o nível de 1,5% reduzindo o grau de infecção por Eimeria, permitindo melhor controle da infecção ao final do período experimental. Considerando a resposta isolada dos macho na segunda parte do experimento, foi observado maior consumo de ração em AF4.5 (162,66 g/ave/dia) e menor consumo para CP (150,41 g/ave/dia) e AF1.5 (151,43 g/ave/dia), observando resposta quadrática ao comparar somente os níveis de alho. O peso final foi afetado pela inclusão alho nas rações, com CP obtendo maior peso final (3,9 kg) seguido pela AF4,5 (3,20 kg) e CN (3,21 kg), enquanto as dietas contendo menores teores de alho (AF1.5 e AF3.0) apresentaram peso final inferior as demais rações (3,17 e 3,07 kg, respectivamente). Foi observa menor quantidade de oocistos por grama de excreta de frangos no CP (3700), AF1.5 (3900) e AF3.0 (3900), seguido pelo AF4.5 (6450) e com maior quantidade de oocistos no CN (25850). Houve aumento na altura da vilosidade e a profundidade da cripta no duodeno, jejuno e íleo do AF3.0 (1201,7, 995,8, 774,8 , respectivamente), com os menores valores sendo observados
para AF4.5 (993,9, 966,9 e 446,8 μm), AF1.5 (1115,8, 981,2 e 542,2 μm) CP (979,6, 950,9 e 482,6 μm), CN (957,4, 776,6 e 500,9 μm). O alho in natura descascado e moído possui restrições quanto a capacidade de modular o epitélio intestinal quando há presença de infecções multiespecíficas por Eimerias. O nível de inclusão de 3,5% apresentou melhor capacidade imunoestimulante da mucosa epitelial, enquanto o nível de 1,5% foi mais eficaz
na eliminação da infecção por E.acervulina, com o aumento dos níveis do alho nas rações há provável capacidade dos tratamentos em reduzir o grau de infecção por E.maxima em frangos de corte em sistema semi-confinado.