A observação do cenário socioeconômico do Alto Oeste Potiguar ainda causa inquietude e indica a necessidade premente de aprofundar o debate sobre os caminhos percorridos pelas classes sociais, bem como, sobre as condicionalidades econômicas e as dinâmicas que moldaram o quadro atual. O Alto Oeste Potiguar é composto por 37 municípios do Rio Grande do Norte, todos no Semiárido, população total de 242.006 habitantes, com 67% vivendo na área urbana. A análise da estrutura econômica e da dinâmica urbana do Alto Oeste Potiguar, condicionada pelas forças orientadoras do processo de acumulação, pelo ambiente extrarregional e pelo contexto socioespacial, enseja uma perspectiva analítica diferenciada acerca da heterogeneidade e complexidade existentes, inclusive, fornecendo elementos para sustentar a regionalização congregando os 37 municípios. A ocupação da área pelos conquistadores ocorreu pela expansão da pecuária, articulando-se à atividade canavieira do litoral, em que a posse das maiores e melhores terras garantiu distinção social aos proprietários. Foi a partir de tal conformação inicial que os povoados e vilas foram criados, cuidando a seara mercantil de ampliar, gradativamente, a funcionalidade de algumas vilas, diferenciando-as, especialmente, em favor de Pau dos Ferros/RN. A polarização, ainda que de um entorno pobre e dependente de transferências de recursos públicos, expressa-se na captura de investimentos privados (serviços especializados) e públicos (saúde, educação, obras de infraestrutura), estabelecendo-se as condições objetivas para que as forças orientadoras do processo de acumulação capitalista operem sem maiores embaraços no espaço analisado neste trabalho. As engrenagens movidas a partir da concessão das terras, passando pela pecuária, cotonicultura e expansão do comércio, azeitadas pela atuação do Estado, legaram uma estrutura econômica que acomoda os interesses da elite regional e condiciona a dinâmica urbana das 37 cidades.