A cultura do morangueiro (Fragaria x ananassa Duch.) é geradora de renda em pequenas propriedades familiares na região do “Norte Pioneiro” do Paraná, possui grande importância para a economia local e para a fixação do homem ao campo; mas, por outro lado, também possui diversos problemas de ordem nutricional e, possivelmente, ambiental. Há mais de quatro décadas estudos básicos sobre as demandas nutricionais foram feitos para cultivares de morangueiro hoje não mais plantadas comercialmente que, por hipótese, são inferiores às quantidades demandadas pelas cultivares plantadas atualmente. Também formularam-se as hipóteses de que as quantidades de macronutrientes absorvidas pelas plantas possuem comportamentos distintos em cada estádio de crescimento e de desenvolvimento da cultura, e são muito inferiores às quantidades normalmente aplicadas à cultura ao longo do ciclo. Assim, o objetivo com o presente estudo foi o de caracterizar as marchas de crescimentos e de acúmulos de macronutrientes, nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S), em 7 estádios da cultura do morangueiro ‘Camino Real’, principal cultivar de dias curtos plantada atualmente no Paraná. Para validar essas hipóteses e para se chegar ao objetivo proposto, foi realizado experimento em sistema de produção convencional de morangos, típico da região no município de Jaboti. Foi empregado delineamento em blocos ao acaso com sete tratamentos caracterizados pelas épocas de amostragens de raízes, partes aéreas (caules e folhas) e frutos, e cinco repetições. A cultivar Camino Real foi plantada com população de 54.000 plantas ha-1 cercada de todas as práticas culturais empregadas na região. Amostras das plantas foram coletadas aos 31, 61, 91, 121, 154, 185 e 214 dias após o transplantio (DAT) das mudas, sendo fracionadas em parte aérea, raízes e frutos. Após secagem em estufa com circulação forçada de ar a 65 ºC, cada parte da planta foi pesada e moída para, em seguida, serem quantificados os teores e os acúmulos de N, P, K, Ca, Mg e S. Constatou-se que, para obtenção de produtividade de 33 Mg ha-1 de frutos, condizente com as obtidas pelos produtores locais, o morangueiro ‘Camino Real’ absorveu 143, 21, 156, 80, 41, 15 kg ha-1 de N, P, K, Ca, Mg e S, respectivamente, valores esses superiores aos observados para as cultivares plantadas no passado. O morangueiro ‘Camino Real’ apresentou a seguinte ordem decrescente em macronutrientes: K > N Ca > Mg > P > S. As maiores quantidades de macronutrientes são exigidas no período que compreende o pico de produtividade de frutos, dos 155 aos 185 dias. Frente às quantidades extraídas pelo morangueiro ‘Camino Real’, as doses de N, P e K recomendadas ou comumente utilizadas para a cultura do morangueiro cultivado em solo arenoso do “Norte Pioneiro”, indicam grande ineficiência do sistema produtivo no manejo nutricional das plantas e que as águas superficiais e subsuperficiais da região podem estar sendo severamente eutrofizadas. Em vista do modelo de sistema produtivo regional, com uso de mulching de polietileno e fertirrigação, conclui-se que, a partir dos resultados obtidos, é possível dimensionar melhor a adubação comumente utilizada para a cultura do morangueiro.