rothrix spp, que afeta homens e animais. Os gatos são os principais vetores da transmissão de S. brasiliensis, que é a espécie de fungo mais virulenta e está associada às manifestações clínicas mais graves. O aumento dos casos de esporotricose felina resistentes às terapias convencionais evidencia a necessidade de novos estudos em busca de tratamentos alternativos. Este estudo teve como objetivo avaliar as lesões de esporotricose felina refratárias aos medicamentos convencionais, assim como, avaliar a resposta clínica desses felinos ao tratamento com miltefosina oral. Neste estudo, 10 animais da espécie felina portadores de esporotricose nasal, que foram tratados por mais de um ano com antifúngicos sem obter cura clínica ou com recidiva da doença, foram tratados com a miltefosina oral. Cultura fúngica, citopatologia e histopatologia foram realizadas em todos os gatos antes do tratamento com miltefosina. Amostras de sangue foram coletadas para exames laboratoriais, como hemograma, uréia, creatinina sérica, ALT e fosfatase alcalina antes e durante o estudo, bem como sorologia para imunodeficiência felina (FIV) e leucemia felina (FeLV). O protocolo de tratamento foi a administração da miltefosina na dosagem de 2 mg/kg, por via oral, a cada 24 horas. Os animais foram monitorados por telefone durante todo o processo e reavaliados nos dias 0, 15, 30 e 45 do tratamento. Gatos machos, adultos e sem raça definida foram predominantemente afetados. As lesões estavam presentes no nariz (90%), orelhas (40%), áreas perioculares (10%) e membros (40%). As lesões macroscópicas mais frequentes foram nódulos e ulceras cutâneas. No estudo citopatológico, houve maior ocorrência do tipo de infiltrado inflamatório piogranulomatoso e linfocitário. Histologicamente, as dez (100%) lesões estudadas apresentaram processo inflamatório granulomatoso supurativo. Um (10%) gato recebeu tratamento por 45 dias, seis (60%) por 30 dias, um (10%) por 21 dias, um (10%) por 15 dias e um (10%) por 3 dias. Um gato não apresentou resposta ao tratamento e nove gatos apresentaram progressão da doença. A hiporexia e a perda de peso foram os sinais clínicos mais frequentes relacionados ao tratamento com miltefosina, seguidos por sialorréia, vômitos e diarreia. Poucos efeitos adversos na hematologia e bioquímica (principalmente parâmetros renais e hepáticos) foram observados durante o estudo. A miltefosina não levou à remissão clínica das lesões em gatos com esporotricose refratária.