A depressão em crianças e adolescentes vem aumentando nos últimos anos e há necessidade de instrumentos que auxiliem na sua identificação precoce. A presente tese investigou as propriedades psicométricas da Bateria de Avaliação de Indicadores de Depressão Infantojuvenil (BAID-IJ). A bateria avalia depressão e construtos a ela associados, como solidão, desamparo, autoestima, autoconceito, desesperança e autoeficácia. Para tanto, foram investigadas evidências de validade de estrutura interna, na relação com variáveis externas e avaliada a fidedignidade de cada escala. A análise dos dados contemplou diversas perspectivas psicométricas, como a da Teoria Clássica dos Testes (TCT), Teoria da Resposta ao Item (TRI) e de Análise de Redes. Também foram analisadas estatísticas descritivas, diferenças de média entre os grupos, correlações e análise de regressão. A coleta de dados foi realizada com uma amostra de 496 crianças e adolescentes, de oito a 18 anos (M = 13,29; DP = 2,93), do Estado do Rio Grande do Sul. Destes, 300 foram do sexo feminino (60,48%). Houveram dois grupos amostrais, um de estudantes (GE) (com 460 estudantes de escolas públicas) e outro com hipótese de depressão (GHD) (com 36 usuários de serviços de atendimento em saúde mental). Os instrumentos utilizados foram a BAID-IJ, a Escala Baptista de Depressão – Versão Infantojuvenil (EBADEP-IJ), o Inventário de Percepção de Suporte Familiar (IPSF) e a Escala de Percepção do Suporte Social – Versão adolescentes (EPSUS-Adol). A tese foi organizada em três estudos O primeiro investigou a estrutura interna de cada escala com o uso da Análise Fatorial Exploratória (AFE) e do modelo de Teoria de Resposta ao Item Rating Scale. Os resultados da AFE indicaram que cada escala é unidimensional. Os itens das sete escalas apresentaram bom ajuste ao Modelo de Teoria de Resposta ao Item Rating Scale, com os níveis de dificuldade bem distribuídos nas escalas. O segundo utilizou a Análise de Redes para avaliar a relação entre os indicadores da BAID-IJ e destes com variáveis externas (percepção de suporte familiar e percepção de suporte social). Nos resultados, ficaram evidentes polos (comunidades) de indicadores positivos e negativos e a desesperança e a autoestima constituíram-se como elementos de ligação entre eles. Nas crianças, a percepção de suporte familiar foi uma variável central na conexão entre os polos positivo e negativo, juntamente com a desesperança e autoestima. O terceiro estudo apresentou estatísticas descritivas, diferenças de médias, correlações entre os escores dos instrumentos e uma análise de regressão. Também, as correlações entre os indicadores com variáveis externas (suporte social e familiar) e convergentes (sintomas depressivos) tiveram intensidade e sentido esperados. Na regressão logística, o desamparo, a solidão, a desesperança e a autoestima foram as preditoras da sintomatologia de depressão. Nos resultados, as escalas diferenciaram os grupos GE e GHD. Enfim, os resultados apresentados nos três estudos apresentaram qualidades psicométricas adequadas para a BAID-IJ, que denotam o seu potencial de constituir-se como um instrumento útil a clínicos e pesquisadores no rastreamento de sintomas depressivos em crianças e adolescentes.