Esta tese examina os escritos de Paul Tillich sobre os argumentos a favor da existência de Deus, os quais, no conjunto da Teologia Sistemática, inserem-se ao final da análise da fini-tude do ser, isto é, na parte que trata da pergunta pelo sentido do ser. A Teologia Sistemáti-ca é construída a partir do método de correlação do autor, que consiste na elaboração de perguntas filosóficas existenciais e respostas teológicas simbólicas. Um dos objetivos desse método é superar dialeticamente a teologia natural e a teologia supranatural, em vista de uma nova abordagem teológica. Assim, uma vez que o autor situa os argumentos no âmbito da pergunta, já se pressupõe, na estrutura do texto, que a função deles é estabelecer a inda-gação pelo sentido do ser, ou seja, descrever a estrutura do ser e demonstrar a sua finitude a partir da análise de seus conceitos. Com efeito, é a partir dessa estrutura – a constituição do ser finito – que os argumentos levantam a pergunta por Deus, mas não a resposta, dado que, para Tillich, seria impossível derivar uma resposta sobre a natureza de Deus a partir da fini-tude humana. Ademais, não se pode provar a existência de Deus, pois a única possibilidade de se pensar em Deus a partir de uma ontologia é tomando-o como o ser-em-si e, portanto, como aquilo que excede todo ser existente e que não é um ser entre outros. Existir é estar sujeito ao não-ser e, consequentemente, é ser finito. Portanto, a inferência dos argumentos de tratar da existência de Deus deve ser simbólica, não literal, e os próprios argumentos devem ser vistos não mais como argumentos, mas como análises existenciais ou tentativas de descrição do sentido da pergunta por Deus. Os argumentos expõem a presença do ele-mento incondicional na estrutura do ser e, consequentemente, a necessidade dessa pergunta que se dá em virtude da ameaça do não-ser, do absurdo e da falta de uma razão suficiente para a existência do ser humano e do mundo. O objetivo desta tese é esclarecer o referido caráter dos argumentos por meio da apresentação da história dos argumentos ontológicos e cosmológicos na forma mais próxima possível da compreensão que deles teve Tillich.