A cárie dentária ainda é uma doença altamente prevalente em todo o mundo, métodos para reverter e controlar esse processo têm sido estudados. Os métodos não invasivos ainda são a primeira alternativa de uso, visando paralisar a progressão da lesão cariosa ou diminuir a desmineralização. Com esse propósito, tem sido estudado o uso de novos materiais bioativos, que prometem realizar a incorporação de minerais no interior do esmalte desmineralizado. Assim, este estudo avaliou a redução da desmineralização do esmalte tratado com diferentes agentes remineralizantes, por meio da determinação do conteúdo mineral por meio de microtomografia computadorizada e análise bioquímica de esmalte bovino tratados com diferentes agentes remineralizantes. Para isso, blocos de esmalte bovino (6x3 mm) foram polidos e selecionados pela dureza média Knoop da superfície (341,18 kg/mm2 ± 10%) e randomizados em 5 grupos de acordo com o agente remineralizante: Duraphat (Controle Positivo), MI Varnish (CPP-ACP), Curodont Repair, Curodont Protect e Sem tratamento (Controle Negativo). Os blocos foram desmineralizados utilizando-se solução desmineralizadora. Então, cada bloco foi dividido em três partes iguais que foram submetidas a três condições de substrato: 1. Esmalte desmineralizado/cárie-ED (2x3mm - linha de base); 2. Esmalte desmineralizado/remineralizado- EDR (2x3mm - aplicação de agentes remineralizantes); e, 3. Esmalte desmineralizado/remineralizado/submetido à simulação de desafios cariogênicos- EDRC (2x3 mm – 8 ciclos de pH- pH cycling). Após o término de cada tratamento, os blocos de esmalte foram submetidos às
seguintes análises: 1) determinação do conteúdo mineral (ΔZ) por análise em microtomografia computadorizada -μ-CT (n=5); 2) quantificação de CaF2 na superfície do esmalte (n=24); e 3) Quantificação de fluorapatita (FAp - Biopsia) no interior do esmalte (n=24). Os dados foram submetidos ao teste de normalidade (Kolmogorov-Smirnov) para todas as análises. Na análise por μ-CT, foi aplicado o teste ANOVA um fator. Na análise de CaF2 e FAp, foi utilizado ANOVA dois fatores com medidas repetidas (p ≤ 0,05). A densidade mineral, avaliada por μ-CT, mostrou
não ser influenciada pelos diferentes agentes remineralizadores no estágio de remineralização (p = 0,123) ou mesmo após a ciclagem de pH, neste sentido, todos os grupos de tratamento diferiram significativamente do Controle Negativo (p=0,001), mostrando que todos os agentes foram capazes de formar mineral no interior da
lesão. Os grupos Duraphat e MI Varnish, formaram quantidades maiores de CaF2 e FAp (p<0,001) no grupo remineralizado e nos grupos de pH cycling em relação aos outros tratamentos. No grupo de ciclagem de pH, não houve diferença significativa entre Duraphat e MI Varnish (p = 0,259) na formação de CaF2, e os outros não
diferiram entre si, apresentando menor formação de CaF2. Em relação a FAp, não houve diferença significativa entre Duraphat e MI Varnish para os blocos remineralizados (p < 0,001) e após ciclagem de pH (p < 0,001), esses tratamentos não diferiram do CP, mostrando significativamente os maiores valores de FAp. Podese concluir que, agentes bioativos são uma alternativa aos agentes fluoretados na redução da desmineralização do esmalte após ciclagem de pH, formando minerais no interior da lesão inicial de cárie.