Rodrigues, Gabriel Dias. Estresse postural em idosos: interação respiratória na dinâmica cardiovascular, cerebrovascular e neuromecânica. 2018. Doutorado em Ciências Biomédicas – Instituto Biomédico, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2018.
Introdução: O desafio circulatório durante o estresse ortostático (ORT) pode provocar tonturas e vertigens associadas à baixa capacidade de autorregulação cerebral (AC), prejudicando o equilíbrio postural e aumentando o risco de quedas no idoso. Uma estratégia para minimizar esses efeitos é otimizar o papel da “bomba” respiratória no retorno venoso, através de uma baixa impedância aguda, tornando a pressão intratorácica mais negativa, reduzindo a queda do débito cardíaco (DC) e aumentando a capacidade de autorregulação cerebral (AC). Além disso, o treinamento da musculatura inspiratória (TMI) é capaz de aumentar a força e eficiência do diafragma e parece influenciar a modulação autonômica cardíaca. A nossa hipótese é que a IMP, de forma aguda, e o TMI, de forma crônica, provocarão uma maior participação da “bomba” respiratória na manutenção do DC e na AC, diminuindo também a instabilidade postural durante o ORT em idosos. Objetivo: Investigar a interação respiratória nas respostas hemodinâmicas, autonômicas, cerebrovasculares e neuromecânicas durante o estresse ortostático em idosos. Metodologia: A presente tese foi dividida em 3 estudos. O estudo 1, para avaliar o efeito agudo da IMP e do TMI na modulação autonômica cardíaca. No estudo 2, investigamos a influência da frequência respiratória (FR) na pressão arterial (PA), na frequência cardíaca (FC) e nas oscilações do centro de pressão do corpo (COP) durante o estresse postural. Além disso, o efeito agudo da IMP durante a mudança postural, e crônico, do TMI, no comportamento do volume sistólico (VS), PA, da FC, do DC, da velocidade média do fluxo sanguíneo cerebral (MCAv), das variáveis ventilatórias, das oscilações do COP e da atividade eletromiográfica (EMG) periférica durante o ORT. O último estudo, utilizou o ORT ativo para avaliar a modulação cardíaca em diferentes grupos etárias e outro com disautonomia. Resultados: No estudo 1, a IMP aguda aumentou a modulação vagal cardíaca, assim como o TMI após duas semanas de treinamento. Além disso, após o TMI a recuperação da FC pós-esforço submáximo e os ajustes da FC durante a manobra de respiração lenta e controlada foram melhores. No estudo 2, as oscilações do COP aumentaram no primeiro minuto do ORT, onde a PA diminuiu em relação ao repouso. A mudança na frequência respiratória espontânea para uma FR lenta (6 ciclos por minuto) também aumentou as oscilações do COP. Em seguida, a IMP aguda atenuou as oscilações do COP, aumentou a atividade compensação na EMG da musculatura periférica, diminuiu a queda do VS, DC e o tempo de recuperação da MCAv durante o início do ORT. O TMI também provocou tais respostas hemodinâmicas e neuromecânicas, e ainda diminuiu, não só o tempo de recuperação da MCAv, mas a sua queda durante o ORT. Além disso, o TMI modificou o padrão respiratório espontâneo. No terceiro estudo, o ORT revelou diferenças na modulação cardíaca entre grupos etários que não existiam em repouso, o mesmo ocorreu para a população com disautonomia
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clínica. Conclusão: O padrão respiratório está envolvido nas oscilações posturais do idoso. Neste sentido, estratégias que utilizam a impedância inspiratória de forma aguda ou crônica, como é o TMI, podem ser úteis para diminuir a instabilidade postural de idosas. Esses efeitos podem ser explicados pela maior contribuição da “bomba” respiratória nos ajustes do retorno venoso, débito cardíaco e autorregulação cerebral. Ademais, o estresse ortostático é um bom método para se obter informações sobre modulação autonômica cardíaca, que podem não ser vistas em repouso, entre grupos etários e em indivíduos com disautonomia.