Introdução: A deficiência de alfa-1 antitripsina (DAAT) é uma alteração genética autossômica codominante, que promove redução dos níveis plasmáticos da AAT circulante e está relacionada ao desenvolvimento de enfisema pulmonar precoce, doenças hepáticas e paniculite. Sabe-se que a DAAT é uma doença subdiagnosticada na prática clínica, apesar de se ter prevalência alta. O diagnóstico da DAAT é feito pela quantificação de níveis séricos reduzidos de AAT seguido da fenotipagem e/ou genotipagem. A técnica de sangue em papel-filtro (Dried Blood Spot, DBS) é minimamente invasiva, de fácil conservação e transporte, sendo viável para a implantação em programas populacionais. Assim, observamos que não há um estudo objetivo que tenha avaliado o cartão de DBS para avaliação de AAT concomitantemente em relação a tempo e temperatura de armazenamento. Objetivos: 1) avaliar a medida da concentração de AAT em dois eluatos diferentes, um proveniente com um disco de 6 mm e outro com dois discos de 6mm e compará- los com a dosagem de AAT no soro. 2) avaliar o efeito da temperatura de armazenamento de DBS sobre a estabilidade da glicoproteína alfa 1 antitripsina, armazenada em DBS a -20 °C, 4 °C e ar ambiente (24 °C) após 24 horas e 3, 7, 15, 30, 60, 90 dias. Métodos: Amostras de DBS de 29 indivíduos, dois com diagnóstico de DAAT sem uso de terapia de reposição por no mínimo quinze dias, foram utilizadas para a dosagem de AAT. Para a preparação das amostras de sangue em DBS, utilizamos o protocolo de Zillmer et al. Resultados: Houve correlação de r=0,82 entre os valores da concentração de AAT plasmática e um picote no DBS. Houve correlação de r =0,86 entre os valores da concentração de AAT plasmática e dois picotes no DBS. Houve correlação de r =0,88 entre os valores da concentração de AAT com um picote e dois picotes no DBS. Ao dividirmos por dois o valor de AAT obtido com dois picotes de 6 mm, obtivemos boa correlação contra o valor de um picote de 6mm (r=0,88), sendo as amostras avaliados 24 horas depois da coleta. Os valores dos DBS mantidos em ar ambiente não apresentaram alteração significativa até o dia 15, a 4°C mantiveram-se estáveis em relação ao valor basal até o dia 30 e quando os DBS conservados a -20°C mantiveram-se estáveis em relação ao valor basal até o 90º dia. Conclusão: Apresentamos boa correlação entre as medidas de AAT no plasma e no DBS. Houve também boa correlação a medida de AAT no DBS com um picote de 6 mm e dois picotes de 6mm. Verificamos que a medida de AAT no DBS é estável em ar ambiente até 15 dias, a 4ºC até 30 dias e a -20ºC até 90 dias.