O objetivo do presente estudo foi avaliar a qualidade da água proveniente da produção de trutas arco-íris (Oncorhyncus mykiss) em sistema raceway e verificar por análises cromatográficas acopladas a espectrometria de massas a presença de resíduos de praguicidas nas matrizes água, truta, solo e ração. As variáveis físico-químicas da água foram avaliadas entre as estações de chuva e seca nas truticulturas A e B, e as duas truticulturas apresentaram diferenças significativas (p<0,05) para condutividade elétrica (CE), demanda bioquímica de oxigênio (DBO), nitrogênio amoniacal (NH3+NH4+), fosfato (PO43-), sólidos totais dissolvidos (STD), temperatura e turbidez.Apenas a truticultura A apresentou diferenças significativas para nitrogênio amoniacal (NH3+NH4+), e na truticultura B, os níveis de cloreto e pH apresentaram diferenças diferenças significativas (p<0,05). Com a relação aos pontos de coleta, a truticultura A apresentou diferença diferenças significativas (p<0,05) para DBO e a truticultura B, apresentou diferenças significativas (p<0,05) para alcalinidade e CE, sendo que as duas truticulturas apresentaram diferenças para STD. Nas avaliações microbiológicas da água para o grupo coliformes termotolerantes (truticultura A), foram observadas diferenças entre as estações de chuva e seca, mas sem
diferenças entre os pontos de coleta. Na truticultura B não houve diferença entre as estações de chuva e seca. Quanto à presença da bactéria Escherichia coli foi verificada diferença apenas na truticultura B. Para as avaliações toxicológicas em relação à matriz água das duas truticulturas foram quantificados os inseticidas organofosforados (clorpirifós e diclorvós). Na truticultura A foi detectado e quantificado clorpirifós em 0,019 mg/L ponto A1 e diclorvós nas concentrações de 0,136 mg/L ponto A1 e 0,0465 mg/L ponto A6. Na truticultura B, o diclorvós foi quantificado em 0,0209 mg/L ponto B1 e 0,0578 mg/L ponto B9. Todas as concentrações de praguicidas descritas mostraram-se acima do Limite Máximo de Resíduos (LMR) recomendado pela União Européia. Para as matrizes solo e ração não houve detecção de resíduos de praguicidas para as duas truticulturas. Para a matriz peixe não houve detecção de resíduos na truticultura A, mas houve a detecção (dentro do limite do equipamento) na truticultura B nos tecidos: brânquias, fígado e rim. Foi demonstrado neste estudo que as alterações físico-químicas e microbiológicas avaliadas, estão dentro dos padrões de conforto para a espécie cultivada e em conformidade com o padrão de lançamento de efluentes da legislação brasileira, demonstrando mínimo impacto aos corpos d’água receptores. As variáveis físico-químicas avaliadas podem ter proporcionado à hidrólise dos
praguicidas e o período de chuva pode ter influenciado na maior quantidade de resíduos na água, mas dentro do limite de detecção do equipamento. Entretanto, o período de seca pode ter influenciado na concentração de clorpirifós e diclorvós. A identificação de resíduos nos tecidos de trutas arco-íris na truticultura B não são