Introdução: Estima-se que cerca de 425 milhões de pessoas em todo o mundo estão com diabetes mellitus (DM). As alterações metabólicas podem afetar as funções reprodutivas e a fertilidade, nas quais distúrbios associados à obesidade, como resistência à insulina, dislipidemia e inflamação têm sido implicados em algumas condições relacionadas à infertilidade. Os ácidos graxos poliinsaturados (AGP ω-3) parecem ter efeitos benéficos sobre o desenvolvimento ou controle do diabetes, entretanto não se sabe se esses AGP poderiam alterar a qualidade do útero em fêmeas diabéticas. Estudos adicionais são necessários para se estabelecer o efeito do DM sobre a qualidade do útero e adicionalmente, estudar a relação entre AGP ω-3, reprodução e DM. Objetivo: Avaliar o efeito do diabetes e da suplementação dietética com óleo de peixe, rico em AGP ω-3, sobre a qualidade do útero em camundongos C57Bl/6J fêmeas. Material e métodos: Utilizou-se 40 camundongos da linhagem C57bl/6J fêmeas, com oito semanas de idade, divididas em quatro grupos experimentais: Controle (C), Controle peixe (CP), Diabético (D) e diabético tratado com óleo de peixe (DP). O grupo C e CP foram alimentados com dieta padrão e os grupos diabéticos (D e DP) receberam dieta hiperlipídica. Os grupos CP e DP receberam óleo de peixe na dose de 3,5g/kg/3x por semana, durante 10 semanas. No final da quarta semana de alimentação, os grupos D e DP receberam, durante 5 dias consecutivos, doses de (40 mg/kg/dia) de estreptozotocina, e após uma semana, foi injetada mais uma dose (100mg/kg). Foi verificado o ganho de massa corporal, ingestão energética, alimentar e hídrica. Os animais foram submetidos ao teste de tolerância à glicose (GTT) e teste de tolerância à insulina (ITT). Foram analisados os consumos alimentar, energético e hídrico, níveis sorológicos de triglicerídeos (TG) e colesterol total (CT), insulinemia, expressão proteica de proteínas relacionadas com apoptose, estresse do retículo e autofagia e a histologia do tecido uterino. Resultados e conclusões: O modelo de DM utilizado foi adequado, já que os animais apresentaram aumento da glicemia de jejum, resistência à insulina, intolerância à glicose e reduzidos níveis sorológicos de insulina. Adicionalmente, apresentaram redução do consumo alimentar sem alteração no consumo energético e aumento do consumo hídrico e do CT. Nos animais diabéticos, houve redução da caspase-3 ativada, da LC3A/B, da ubiquitina e das áreas do endométrio e útero. O tratamento com óleo de peixe melhorou a sensibilidade à insulina e aumentou os níveis dessas proteínas e as áreas do endométrio e útero. Esses dados sugerem que a diminuição nas proteínas relacionadas à apoptose, autofagia e degradação proteica, no útero dos animais diabéticos, pode ser um dos mecanismos pelos quais o DM diminui a espessura (proliferação) endometrial e consequentemente o sucesso da implantação embrionária e o tratamento com éleo de peixe pode melhorar a qualidade do útero e provavelmente a implantação embrionária.