As porfirinas são substâncias fotossensibilizadoras, ou seja, compostos que absorvem a energia da luz para a produção de espécies reativas de oxigênio que podem alterar moléculas e mecanismos celulares. A utilização de porfirinas para a inativação viral vem sendo investigada e possui potenciais aplicações tanto in vitro quanto in vivo. O objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade virucida de duas porfirinas tetra-platinadas (3 e 4-PtTPyP) em alguns vírus de bovinos. A citotoxicidade dos compostos foi inicialmente determinada pelo teste de MTT e, a partir da maior concentração não tóxica, foram utilizadas concentrações inferiores das porfirinas nos testes de atividade virucida. Foram realizados ensaios com vírus de genoma DNA ou RNA, com envelope (herpesvírus bovino tipo 1, BoHV-1, e vírus da diarreia viral bovina, BVDV) e não envelopados (adenovírus bovino, BAV, e enterovírus bovino, BEV). Além disso, a atividade virucida foi investigada frente aos vírus vaccínia (VACV) e da estomatite vesicular (VSV), que são vírus epiteliotrópicos de grande impacto na bovinocultura. Para isso, suspensões virais foram incubadas com as porfirinas e expostas à luz por diferentes períodos de tempo (0, 15, 30 e 60 min). Após esse período, os títulos virais foram determinados por diluição limitante e comparados ao controle viral. Os ensaios de atividade virucida utilizando a porfirina 3-PtTPyP na maior concentração (9,1µM) resultou na inativação total dos vírus envelopados mesmo quando não expostos à luz. A utilização de 1/10 da dose da mesma porfirina (0,91 µM) resultou em redução no título do BVDV e VSV após 15 min de exposição à luz, sendo que a partir de 30 min houve inativação completa. Para o BoHV-1 e VACV, a inativação total ocorreu a partir de 60 min de foto-ativação. O uso da 4-PtTPyP a 9,1 µM também resultou em inativação completa dos vírus envelopados BVDV, BoHV-1 e VSV, mesmo sem foto-ativação. Para o VACV houve inativação viral total a partir dos 15 min de exposição à luz. Além disso, houve perda significativa da infectividade viral quando o vírus foi incubado com o composto sem fotoativação, porém a inativação foi parcial. Quando a 4-PtTPyP foi utilizada em menor concentração (0,91 µM), foi verificada redução gradual nos títulos de vírus envelopados conforme o tempo de exposição à luz. Não foi detectada atividade virucida de nenhuma das porfirinas contra os vírus não-envelopados. Os resultados indicaram que ambas porfirinas possuem atividade virucida sobre vírus envelopados, e podem agir diretamente sobre a infectividade viral mesmo quando não ativadas pela luz, se utilizadas em concentrações elevadas.