O objetivo deste estudo foi caracterizar e comparar a dieta de Caranx crysos, Eucinostomus gula e Micropogonias furnieri, indivíduos pertencentes a diferentes famílias e que apresentam características morfológicas e ecológicas distintas, com importância econômica e ocorrência expressiva ao longo de toda a costa Atlântica, do Panamá ao Sul do Brasil. As amostras foram obtidas de março/2016 a setembro/2017, através do contato direto com embarcações comerciais e em mercados municipais. Os estômagos foram retirados e o conteúdo analisado através do método volumétrico. A caracterização da dieta foi feita com base na frequência de ocorrência e volumetria, utilizados para calcular o índice alimentar. Foram analisados 266 estômagos, sendo que 11 estavam vazios. Foram 107 de C. crysos, 64 de E. gula e 95 de M. furnieri. O maior percentual dos estômagos estava parcialmente cheio (128=48,12%). Para as três espécies o item dominante foi matéria orgânica animal, este fato está relacionado com o alto grau de digestão de alguns estômagos, bem como, uma possível ingestão acidental de parte do material. A dieta de C. crysos apresentou certa tendência a especialização no consumo de teleostei e crustáceo. Para E. gula houve o predomínio de molusco e crustáceo e para M. furnieri o maior percentual foi de crustáceo e teleostei. Em relação as áreas de amostragem, a região do Panamá apresentou o maior número de itens para C. crysos (102) e E. gula (79), para M. furnieri foi a costa sudeste do Brasil (81). Os resultados do método gráfico de Costello confirmaram a dominância dos itens teleostei (F%=27,50 e V%=74,70) e crustáceo (F%=34,37 e V%=18,76) na dieta de C. crysos, para E. gula foi molusco (F%=13,76 e V%=30,25), seguido por sedimento (F%=20,29 e V%=23,05) e para M. furnieri foi crustáceo (V%=52,37 e FO%=33,89), seguido por teleostei não identificado (V%=29,43 e FO%=20,33). As três espécies são classificadas como generalistas/oportunistas e carnívoras. A dominância de determinadas presas na dieta aparenta ser o resultado de sua posição na coluna d'água e, portanto, sua associação com o substrato. Foi possível identificar um compartilhamento de itens alimentares entre as espécies e entre os diferentes segmentos da costa, demonstrando a interação que ocorre entre estes indivíduos.