As gastroenterites em cães são doenças multifatoriais responsáveis por mortalidade principalmente em animais jovens. Dentre os agentes etiológicos envolvidos está o Protoparvovírus canino tipo 2 (CPV-2). O CPV-2 é um vírus DNA fita simples, não envelopado, resistente no ambiente, altamente transmissível que possui tropismo e efeito citotóxico em tecidos como epitélio intestinal, órgãos linfoides e medula óssea. Dessa forma, maneiras para definir o prognóstico confiável são importantes para acessar o estado do animal e permitir a conduta terapêutica adequada, através de exames laboratoriais disponíveis com resultados rápidos e acessíveis. Portanto, o objetivo desse trabalho foi determinar as alterações hematológicas bioquímicas séricas e urinárias de cães infectados naturalmente pelo CPV-2 e a importância prognóstica associada. O estudo incluiu 32 cães atendidos no Hospital Veterinário (HV) da UFPR- Setor Palotina, hospitalizados com quadros de gastroenterite, diagnosticados com CPV-2. Amostras sanguíneas e urinárias foram coletas no dia da admissão e a cada 24 horas de internação, para análises hematológicas, bioquímicas e urináriais no laboratório clínico veterinário do HV, que incluíram hemácias, hemoglobina, hematócrito, VCM, CHCM, HCM, plaquetas, proteínas plasmáticas totais, leucócitos totais, neutrófilos, eosinófilos, linfócitos, monócitos, RDW, RDW, PCT, VPM, albumina, proteínas totais, globulinas, ALT, AST, FA, GGT, ureia, creatinina, triglicerídeos, colesterol, glicose, lactato, cálcio e fósforo, e urinálise que incluiu exame físico, químico com tiras reagentes, sedimentoscopia para detecção de hemácias, leucócitos, células epiteliais, cilindros, cristais, bactérias e outros achados, proteína, GGT, creatinina urinária, RGC e RPC. Em relação as variáveis hematológicas, na comparação entre grupos em T0, os animais não sobreviventes apresentaram valores menores de leucócitos totais e RDW; em T24 os não sobreviventes tiveram valores menores de plaquetas, leucócitos totais, PDW e PCT; Em relação as variáveis bioquímicas, na comparação entre grupos em T0, os animais não sobreviventes apresentaram valores maiores de ureia, triglicerídeos e fósforo; em T24 os não sobreviventes tiveram valores menores de albumina e proteínas totais, e valores maiores de FA, ureia e triglicerídeos. Em relação as variáveis urinárias, na comparação entre grupos em T0, valores maiores de cor, aspecto, proteína, GGT e GGT:C representaram mau prognóstico; em T24, valores maiores de bilirrubina, proteína, células epiteliais de transição, cilindro granuloso fino e cristais de bilirrubina, GGT, proteína e GGT:C representaram mau prognóstico. Com isso, é possível concluir que existem variáveis hematológicas, bioquímicas e urinárias capazes de sugerir prognóstico nos animais sobreviventes e não sobreviventes, e devem ser utilizados pelos médicos veterinários como auxílio para o acompanhamento e terapia dos cães, a fim de reduzir o número de óbitos.