No Estado do Paraná, Brasil, 8.881.059 suínos foram abatidos em 2016. O transporte da granja ao abatedouro é alvo de preocupação entre os pesquisadores de bem-estar animal. Entretanto, condenações nos abatedouros decorrentes de lesões ocasionadas no transporte são frequentes. Além disso, normas que versam sobre o tema são escassas e existem entraves na sua aplicação. Adicionalmente, o envolvimento constante de médicos veterinários e
zootecnistas nas discussões sobre bem-estar animal parece ser uma lacuna a ser preenchida. Dessa forma, este trabalho teve como objetivo estudar lesões e condenações registradas no Sistema de Inspeção Federal (SIF) como potenciais indicadores de bem-estar durante o transporte de suínos, assim como abordar as normas vigentes acerca do bem-estar dos suínos e conhecer a percepção dos técnicos em relação à senciência, bem-estar e sofrimento dos suínos durante o transporte. Este estudo divide-se em cinco capítulos: (1) Apresentação; (2) Lesões e
condenações de suínos em abatedouros com inspeção federal no Estado do Paraná, Brasil, como indicadores de bem-estar no transporte; (3) Atos normativos com ênfase em bem-estar de suínos vigentes na Europa e no Brasil; (4) Percepção sobre senciência, bem-estar e sofrimento dos suínos durante o transporte da granja ao abatedouro por médicos veterinários e zootecnistas do Paraná, Brasil, e (5) Considerações finais. O Capítulo 2 mostrou que nos abatedouros paranaenses com SIF, de janeiro de 2011 a dezembro de 2016, 15,0% das condenações ocorreram em razão de lesões que podem estar associadas ao transporte, com destaque para lesão traumática, responsável por 12,1% das condenações. O trabalho possibilitou sugerir melhorias na coleta de dados nosográficos no Sistema de Informações Gerenciais do Serviço de Inspeção Federal (SIGSIF), como inclusão de lesões relevantes para o bem-estar e
padronização de termos no Sistema. O Capítulo 3 permitiu entender que as leis representam uma ferramenta importante para implantação de melhorias no bem-estar dos suínos e que o Brasil tende a acompanhar os assuntos abordados pela legislação europeia de bem-estar animal, mas com diferenças no rigor e no alcance. Foi possível visualizar que obstáculos no desenvolvimento e na aplicação dos regulamentos são vivenciados na Europa e no Brasil, e que o conhecimento dos consumidores sobre o impacto causado pelas práticas da indústria no bemestar
dos suínos é crucial para minimizar tais dificuldades. O Capítulo 4 apontou o reconhecimento absoluto da senciência dos suínos e o entendimento sobre a necessidade de melhorias no bem-estar no transporte, com a maioria dos respondentes atribuindo alto grau de sofrimento durante esta etapa e com destaque para a percepção da ocorrência de estresse. Além disso, nosso estudo permitiu compreender que investigações sobre percepção de senciência dor e sofrimento dos animais são pertinentes para a elaboração dos assuntos debatidos nos cursos
de graduação e pós-graduação em medicina veterinária e zootecnia. O Capítulo 5 apontou que melhorias na qualidade de vida dos suínos criados no Brasil envolvem esforços conjuntos daqueles que compartilham a responsabilidade sobre a vida dos animais, com ênfase em pesquisas, leis; e na participação da sociedade, indústria de produtos de origem animal, médicos veterinários e zootecnistas.