Durante a vida reprodutiva das éguas o endométrio é exposto a eventos como:
cópula, parto, puerpério e infecções. Tais circunstâncias podem levar gradativamente a
diminuição da capacidade funcional do endométrio com queda da fertilidade. O objetivo
deste estudo foi avaliar o efeito do tratamento com o meio condicionado de células
tronco mesenquimais sobre o endométrio de éguas com fibrose uterina através de
avaliação histopatológica. No experimento 1, 21 éguas que não pariram pelo menos em
duas temporadas foram avaliadas por meio de exames ultrassonográfico, citológico,
bacteriológico e histopatológico. No experimento 2, das 21 éguas avaliadas, quatro
éguas classificadas como grau II e duas éguas classificadas como grau III na
histopatologia endometrial, foram submetidas a infusão uterina com o meio
condicionado de células tronco mesenquimais para promover a regeneração
endometrial. No experimento 1, a presença de edema uterino foi observada em 81%
(17/21) das fêmeas líquido intrauterino em 23,81% (5/21) e cistos uterinos em 57,14%
das éguas (12/21). O crescimento bacteriano identificado em 42,90% (9/21) das éguas
pelo exame bacteriológico revelou predominância de Escherichia coli (4/21). O exame
citológico revelou processo inflamatório em 44,40% das fêmeas (4/9) com crescimento
bacteriano, enquanto 16,70% (2/12) das éguas sem crescimento bacteriano tinham
presença de processo inflamatório (P = 0,331). A inflamação uterina foi detectada em
28,60% (6/21) das éguas. A biópsia uterina e avaliação histopatológica revelou 14,30%
(3/21) das éguas pertencentes à classe Grau I, 47,60% Grau II (10/21) e 38,10% Grau
III (8/21). Verificou-se correlação positiva significativa (r = 0,69; P = 0,0005) entre o
grau de endometrose pelo Índice de Caslick e o grau atribuído após exame
histopatológico. Maior percentual de éguas com índice Caslick superior a 200 foi
observado (P= 0,0242) em éguas classificadas como Grau III (87,5%; 7/8) do que Grau
I (0,0%; 0/3). Não houve diferença (P= 0,59) entre as éguas Grau III e as Grau II (70%;
7/10); estas últimas tenderam (P= 0,07) a ter maior percentual com índice Caslick acima
5
de 200 do que as fêmeas com Grau I. O índice Caslick médio comparado entre os graus
histológicos revelou maior índice nas éguas Grau III do que nas éguas Grau I (252,0 vs
78,3; P= 0,007). As éguas com Grau II apresentaram índice intermediário (174,6). Não
houve associação entre a presença de cistos uterinos e o grau histopatológico das
biópsias (P= 0,813). Éguas com cistos uterinos tiveram 16,7%, 41,7% e 41,7% das
biópsias classificadas no exame histológico como Graus I, II e III, respectivamente .
Esses percentuais nas éguas sem cistos foram de 11,1%, 55,6% e 33,3%, para os Graus
I, II e III, respectivamente. A idade média das fêmeas foi similar (P= 0,112) entre as
fêmeas com e sem cistos uterinos (20,3 vs 16,3 anos). No experimento 2, a aplicação de
20 mL de meio condicionado de células tronco no lúmen uterino das seis éguas com
endometrose grau II e III não resultou em melhoria na condição endometrial.