Este trabalho teve como objetivos avaliar a composição, as propriedades nanomecânicas e a resistência ao risco do recobrimento, a citotoxicidade e a liberação de metais de quatro marcas de fios ortodônticos com recobrimento estético como recebidos e após 21 dias de uso clínico. O estudo foi composto por dois experimentos. No primeiro, fios estéticos (Grupo OO: Ortho Organizers; Grupo TP: TP Orthodontics; Grupo OM: Orthometric; e Group TN: Trianeiro) foram avaliados quanto: à composição do recobrimento por espectroscopia no infravermelho por Transformada de Fourier; à dureza e ao módulo de elasticidade por testes de nano-indentação e quanto à resistência ao risco pelo teste de risco. No segundo experimento, os fios estéticos e seus respectivos fios convencionais de aço inoxidável e níquel titânio dos mesmos fabricantes foram avaliados quanto à citotoxicidade e à liberação de metais como recebidos e após 21 dias de exposição ao meio bucal. No ensaio de citotoxicidade cada tipo de fio foi incubado em placas contendo meio mínimo essencial de Eagle (MEM) e as alíquotas dos sobrenadantes de cada grupo foram retiradas em (T) 0 hora, 1, 2, 3, 7, 14, 21 e
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60 dias e adicionadas a culturas de células L929 sendo a viabilidade celular determinada com o uso de vermelho neutro (Método Dye Uptake). O teste de corrosão foi realizando imergindo cada amostra numa solução de cloreto de sódio
a 0,9% com 20µL de ácido nítrico por 28 dias. A quantidade de níquel, cromo,
ferro, titânio, cobalto e manganês nos intervalos de tempo (T) 7, 14, 21, e 28 dias foi mensurada através de espectrômetro de emissão óptica com fonte de plasma indutivamente acoplado (ICP OES). Todos os recobrimentos foram caracterizados pelo pico de benzeno a cerca de 1500 cm-1 e são compostos de poliéster e politetrafluoretileno. O ensaio de risco mostrou uma alta elasticidade do recobrimento com recuperação elástica maior que 60%, mas com diferentes tipos de falhas e irregularidades ao longo da região do teste. Níquel foi o íon mais frequentemente liberado durante os intervalos do estudo. Depois do uso clínico, o grupo TP apresentou uma liberação significativa de níquel somente nos fios estéticos em T7, T14 e T21. No grupo TN, a liberação de níquel pós fase clínica também foi estatisticamente maior nestes fios em T7, T21 e T28. Os fios estéticos do grupo TP, após o uso clínico apresentaram uma menor viabilidade celular em comparação aos seus respectivos fios controles em T1, T3 e T28. Todos os grupos apresentaram uma superfície irregular do recobrimento com delaminações em várias áreas após 21 dias de exposição ao meio bucal. Mesmo os fios mais citotóxicos e que liberaram maiores quantidades de íons metálicos, apresentaram uma boa biocompatibilidade para o uso clínico. Sugere-se que o método de aplicação, a composição química do recobrimento, e o tratamento da superfície do substrato metálico influenciem na corrosão e na biocompatibilidade dos fios ortodônticos estéticos quando expostos ao meio bucal.