Os países ribeirinhos da Bacia do Prata: Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai, compartilham os rios Paraná, Paraguai e Uruguai e as águas subterrâneas do Sistema Aquífero Integrado Guarani/Serra Geral, que compõem essa bacia que é a segunda maior da América Latina, de cuja área abrange 17%, com seus 3,1 milhões de km2. Esta pesquisa avalia o significado das águas no processo de estruturação territorial da Bacia do Prata, por meio de levantamentos bibliográficos e documentais publicados pelo CIC-Plata, ANA, FONPLATA, UNESCO, ONU, institutos de pesquisas, tratados e acordos bilaterais e multilaterais sobre gestão da água ratificados pelos países platinos, Conferências e Fóruns Internacionais de Cooperação. Tem como referência os conceitos da geografia, território e escala, para análise do dinamismo territorial platino. Desde a chegada dos primeiros europeus, a água se revelou elemento componente primordial para a exploração dos recursos naturais dos países ribeirinhos, primeiro pelos colonizadores, e depois pelo capital internacional, gerando novas formas de extração de renda. No período colonial as águas serviram de vias de acesso e escoamento da prata de Potosí na Bolívia, e como objeto de discórdia e de guerras – e de inúmeros acordos e tratados - pelo acesso dos territórios interiores ao oceano Atlântico. O seu primitivo território transformou-se, no século XX, com a formação de novas territorialidades, da pecuária extensiva e intensiva (suínos, aves, leite), do arroz e da soja, entre outros. A tese examina o uso da água para produção de arroz no Brasil e no Uruguai, na megaprodução da soja, na lógica das grandes escalas de cultivos refletidas nas escalas locais. A evolução das técnicas, as condutas formadoras de territorialidades da energia, a partir das hidrelétricas binacionais e suas tramas geopolíticas, e a hidrovia Paraguai-Paraná, demonstrando a imprescindibilidade da navegação que desde os tempos coloniais continua sendo a artéria que liga os diferentes territórios platinos de forma global. Ao longo do tempo as diferentes funções da água desencadearam muitas divergências associadas aos usos simultâneos da navegação, energia e agricultura, que foram sendo amenizadas através de tratados e acordos diplomáticos como o Tratado da Bacia do Prata (1969), que integra cinco países, vigente ferramenta para a gestão compartilhada. Esse documento definiu um novo caminho de conviver dessas nações, abrindo vínculos formais a partir da renda da água. Os conhecimentos adquiridos na pesquisa possibilitaram desvelar conexões nesses movimentos de territorializações e desterritorializações, permitindo vislumbrar um panorama do contexto internacional relativamente atualizado da Bacia Hidrográfica do Prata, aqui caracterizada como um autêntico TERRITÓRIO DAS ÁGUAS.