A espécie equina apresenta algumas peculiaridades em relação às
demais espécies por apresentar baixa taxa de fertilidade. É importante que a
égua conceba logo após o parto para que possa gerar um produto por ano. Na
fêmea equina, o primeiro cio pós-parto geralmente acontece 5 a 15 dias após o
nascimento do produto. No Brasil, a prática da utilização do cio do potro não é
frequente, existindo ainda entre os veterinários, a adoção de diferentes
protocolos. Além disso, no Sul do Brasil encontramos grandes criatórios de
cavalos Puro Sangue De Corrida (PSC) e de cavalos Crioulos, o que diferencia
ainda mais as técnicas adotadas pelos profissionais. O presente estudo visa
analisar a fertilidade do primeiro e do segundo cio pós-parto e a incidência de
perdas gestacionais, em éguas da raça Crioula e PSC. O trabalho foi realizado
em dois criatórios de equinos da raça PSC e em dois criatórios de equinos da
raça crioula localizados na região sul do Estado do Rio Grande do Sul, durante
a temporada reprodutiva de 2015. Ao todo, foram avaliadas 209 éguas paridas
com idade entre 5 e 26 anos, sendo destas 105 PSC e 104 da raça Crioula.
Estas foram distribuídas em dois grupos conforme a raça e subdivididas
conforme a idade, com menos de 12 anos e com mais de 12 anos. O controle
folicular foi realizado através de palpação retal e ultrassonografia e foram
utilizados diferentes garanhões com fertilidade provada. O diagnóstico de
gestação era realizado com 14 dias após a ovulação e a prenhez foi reavaliada
até 60 dias para avaliar supostas perdas gestacionais. A análise do Teste de
Qui- Quadrado foi utilizada para avaliar a taxa de prenhez em cada grupo. Na
primeira análise do trabalho as raças foram separadas e os resultados do
primeiro e do segundo cio foram comparados, não foi identificada diferença
estatística entre o primeiro e o segundo cio nas duas raças e além disso, as
perdas gestacionais foram similares. Em uma segunda análise, foi comparado
o uso do cio do potro considerando as faixas etárias dentro de cada raça. O
resultado da taxa de prenhez da raça PSC foi de 61,54% de prenhez em éguas
com menos de 12 anos e 50% em éguas com 12 anos ou mais, que não
identificou diferença. Já nas éguas Crioulas a diferença foi maior, sendo que as
éguas com menos de 12 anos apresentaram 96,55% de taxa de prenhez e as
éguas com 12 anos ou mais a taxa de prenhez foi de 39,13% que identificou
diferença. As mesmas análises foram feitas para o segundo cio após o parto,
na raça PSC, não identificou diferença nos resultados de éguas mais jovens e
mais velhas. Já nas éguas Crioulas foi identificado diferença. É importante
destacar, que as éguas Crioulas não foram submetidas à vulvoplastias e nem à
lavagens uterinas, já as éguas da raca PSC foram submetidas quando
necessário. Em conclusão, o fator idade é importante considerar e
especialmente avaliar os cuidados necessários, uma vez que o aumento da
idade está associado com a redução da competência reprodutiva; o cio do
potro apresenta fertilidade semelhante aos demais cios e traz como vantagem
garantir a produção de um produto por ano, visando a produção de animais
bem-nascidos.