Introdução: O magnésio desempenha um papel importante na homeostase da glicose, intervindo indiretamente na sensibilidade dos hormônios reguladores e diretamente nas reações do metabolismo dos carboidratos. Contudo, faltam evidências da ação do magnésio na homeostase glicêmica durante o estresse cirúrgico metabólico – que desencadeia gliconeogênese e resistência insulínica periférica aumentada. Objetivo: avaliar a influência do sulfato de magnésio sobre a glicemia frente ao trauma cirúrgico metabólico. Material e métodos: Estudo prospectivo, randomizado em pacientes submetidos a anestesia geral balanceada para cirurgias com duração de até 4 horas. Os pacientes foram randomizados em dois grupos. No grupo controle não foi infundido sulfato de magnésio e no grupo intervenção foi infundido sulfato de magnésio (40 mg/kg na indução anestésica e 20 mg/kg/h durante o intraoperatório). Em ambos os grupos foram coletados: glicemia e magnésio séricos antes do procedimento e na primeira hora da recuperação pós-anestésica (RPA); glicemia capilar a cada 60 minutos durante o intraoperatório. A avaliação intragrupo foi realizada pelo teste não paramétrico de Wilcoxon Signed Rank. A avaliação intergrupo foi realizada pelo teste de Mann-Whitney U. Resultados: Foram incluídos 30 participantes em cada grupo. Os valores de glicemia entre os grupos controle e intervenção foram semelhantes no pré-operatório (91,2 mg/dL vs. 86,97 mg/dL, p = 0,076, respectivamente), assim como os valores de magnésio (1,98 mg/dL vs. 2,06 mg/dL, p = 0,386, respectivamente). Após a cirurgia, ambos os grupos apresentaram aumento da glicemia. O grupo controle apresentou valores glicêmicos na RPA de 106,63 mg/dL (p < 0,001) e o grupo intervenção de 125,87 mg/dL (p = 0,0001). O aumento da glicemia na RPA nos pacientes que receberam magnésio no
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intraoperatório foram significativamente maiores quando comparados àqueles que não receberam magnésio (p = 0,028), assim como os valores de magnésio na RPA (1,76 mg/dL para o controle e 3,98 mg/dL para a intervenção, p = 0,0001). Conclusões: o magnésio interfere no estado glicêmico dos pacientes durante o período de estresse cirúrgico metabólico, com ocorrência de hiperglicemia no grupo estudado.