Considerando que a soja após sofrer processo de micronização, o qual a reduz a
partículas menores e destrói seus fatores anti-nutricionais, tende a ser mais digestível e
consequentemente, melhora o desempenho dos animais. Seu uso durante as fases
iniciais pode reduzir os transtornos alimentares observados devido ao desmame,
contudo, é necessário medir o desempenho do animal nas fases subsequentes. Sendo
assim, objetivou-se com este estudo avaliar o efeito residual da inclusão de níveis
crescentes de soja micronizada (SM) em substituição ao farelo de soja (FS),
administrada durante as fases iniciais (21 e 63 dias de idade), sobre o desempenho de
leitões na fase de crescimento e terminação (64 a 140 dias de idade), bem como
mensurar as características de carcaça e estimar a qualidade da carne. Foram utilizados
70 animais, sendo 35 machos castrados e 35 fêmeas, distribuídos em delineamento
inteiramente casualizado, com cinco tratamentos e 14 repetições, alojados em galpão
experimental na Unidade de P&D de Tanquinho, pertencente ao Polo Regional Centro
Sul/APTA/SAA, localizado na cidade de Piracicaba - SP. Sendo testados cinco níveis
de substituição do FS pela SM (0%, 25%, 50%, 75% e 100%) durante as fases iniciais e
dieta única sem adição de soja micronizada na fase de crescimento e terminação. Os
animais foram pesados individualmente ao término de cada fase para cálculo de ganho
de peso. A quantidade de ração ofertada foi mensurada diariamente e a sobra coletada
ao final da fase, para então, cálculo de consumo de ração e conversão alimentar. Os
animais foram sacrificados em abatedouro comercial, sendo analisadas características
de carcaça, qualidade da carne e proteoma. Quando analisado o fator dieta, os dados de
desempenho foram significativos (p<0,05) entre os tratamentos somente na fase de
Crescimento I (64 aos 92 dias de idade), sendo que quanto maior a inclusão de SM na
fase anterior, menor o consumo de ração e melhor a conversão alimentar. Ainda
considerando o fator dieta, o peso e comprimento de carcaça bem como o rendimento
de cortes mostraram-se superior em animais previamente tratados com farelo de soja
(p<0,05), contradizendo a hipótese de que a soja micronizada favorece o crescimento
do leitão nas fases iniciais e isto se refletiria até o abate. Levando-se em consideração o
fator sexo, machos apresentaram maior consumo de ração e maior ganho de peso
quando avaliado os períodos de 64 aos 119 dias de idade e 64 aos 140 dias de idade
(p<0,05). Com relação às características de carcaça, machos obtiveram maior espessura
de toucinho (ET) (p<0,05), maiores pesos de costela (p<0,05) e paleta (p<0,05),
enquanto que, fêmeas exibiram maior rendimento de carcaça (p<0,05). Houve interação
dieta e sexo para pH45min e luminosidade da carne (L*) (p<0,05), entretanto, a qualidade
da carne, independente do teor de inclusão da soja micronizada (SM) e do sexo, se
apresentou dentro do preconizado para carne suína sem anomalias. Houve diferença na
expressão de peptídeos (SPOT) no músculo Longissimus dorsi em função da dieta
(p<0,05). O tratamento com 100% farelo de soja apresentou os melhores resultados
para parâmetros de características de carcaça, contudo, a inclusão de 25 % de soja
micronizada na dieta de leitões nas fases iniciais mostrou-se economicamente viável
quando analisado o ciclo produtivo completo dos animais e não alterou a qualidade da
carne.