A necessidade de estimular práticas produtivas que visam a transição de uma economia intensiva na utilização de
combustíveis fósseis para uma economia de baixo carbono, coloca-se como um fator essencial capaz de contribuir
para a redução das externalidades negativas decursivas do processo de produção. No entanto, o desafio consiste
em criar alternativas atrativas para o universo corporativo que sejam capazes de estimular a sua adesão a esse novo
paradigma produtivo. O mercado financeiro detém capacidade monetária passível de fomentar ações que permitam
minimizar os efeitos adversos provocados pelas mudanças climáticas, especificamente, através das operações de
alocação de recursos viabilizadas pelo mercado de capitais. Assim, observa-se a criação de índices de
sustentabilidade empresarial que possibilitam gerar valor para as empresas e para os investidores interessados em
critérios ambientais, sociais e de governança corporativa (ASG). O Índice Carbono Eficiente (ICO2) da Bolsa de
Mercadorias e de Futuros da Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBOVESPA), busca incentivar as empresas
emissoras das ações mais negociadas a aferir, a divulgar e a monitorar as suas emissões de gases de efeito estufa
(GEE) para atuarem em uma economia de baixo carbono. Com efeito, objetiva-se analisar na presente pesquisa a
situação atual da inserção da sustentabilidade no mercado financeiro brasileiro, através d e uma análise empírica
do ICO2. O estudo insere-se nas discussões sobre a sustentabilidade relacionando esse conceito com o mercado
financeiro, em que se destaca um novo segmento de investidores existente no mercado de capitais. Esses
investidores consideram os impactos socioambientais dos seus investimentos e não somente as possiblidades de
auferir retornos de natureza financeira, priorizando uma conduta socialmente responsável das empresas através da
aplicação de uma técnica de triagem na composição do portfólio. Isso fez surgir o investimento socialmente
responsável (ISR), o qual está fora da abordagem teórica tradicional sobre finanças. O método utilizado na presente
pesquisa consiste em analisar os retornos diários do ICO2 e do Índice Bovespa (Ibovespa) com base na aplicação
de modelos de volatilidade específicos para a análise de séries temporais financeiras. Realiza-se também uma
investigação de caráter teórico objetivando a discussão da problemática que gravita em torno da inserção da
sustentabilidade no mercado financeiro brasileiro, especificamente, no âmbito de uma ação específica para
estimular a adesão a uma economia de baixo carbono. Os resultados mostram que o ICO2 é pouco reativo aos
movimentos do mercado, apresentando uma inércia elevada e a presença de efeito alavancagem, evidenciando que
notícias negativas afetam a sua volatilidade em uma magnitude maior do que notícias positivas. Além disso, o
ICO2 mostra-se menos volátil à dinâmicas do mercado comparativamente ao Ibovespa, estando associado também
a um nível de risco menor. A presente pesquisa mostrou que o ICO2, enquanto uma ação específica para estimular
as empresas a atuarem em uma economia de baixo carbono, permite reduzir as externalidades negativas geradas
pelo processo produtivo. Assim, a análise do Índice sugere que a inserção da sustentabilidade no mercado
financeiro possibilita minimizar determinados conflitos entre o crescimento econômico, a preservação ambiental
e a progressão social ao gerar valor para as empresas e para os investidores, ao mesmo tempo em que reduz os
impactos adversos do aquecimento global, o que beneficia também a sociedade e o meio ambiente. Ou seja, é
possível reduzir o trade-off entre as dimensões do desenvolvimento sustentável sem gerar maiores adversidades
na economia.