Esta tese objetivou conhecer as motivações por trás da alimentação saudável e não saudável, desenvolver medidas para mensurá-las e verificar como o autocontrole, valores humanos e imagem corporal se relacionam a elas. Foram elaborados três capítulos. No Capítulo 1, objetivou-se explorar sob um enfoque qualitativo as referidas motivações. Participaram 205 estudantes universitários que responderam a um questionário com perguntas abertas sobre as razões que os levaram a consumir alimentos saudáveis ou não saudáveis. Os resultados das Análises de Classificação Hierárquica Descendente mostraram cinco motivos relacionados ao consumo de alimentos saudáveis (perda de peso, sentir-se bem, prevenção de doenças, necessidades do organismo e benefícios) e outros cinco ao de não saudáveis (desejo, ocasiões diversas, falta de tempo, praticidade e vantagens). O capítulo 2 objetivou desenvolver a Escala de Motivações para Alimentação Saudável (EMAS) e a Escala de Motivações para Alimentação Não Saudável (EMANS), e reunir evidências de validade e precisão das mesmas, sendo dividido em duas etapas. Na etapa 1 participaram 208 universitários, os quais responderam as versões iniciais das medidas. Análises fatoriais exploratórias indicaram estruturas de três fatores tanto para a EMAS [Prevenção de doenças (5 itens, α = 0,93), Perda de peso (5 itens, α = 0,91) e Vitalidade (5 itens, α = 0,91)] quanto para a EMANS [Falta de tempo (5 itens, α = 0,89), Desejo (5 itens, α = 0,89) e Interação social (5 itens, α = 0,83)]. Na etapa 2 participaram outros 229 universitários, os quais responderam as versões finais da EMAS e da EMANS. Os resultados confirmaram tanto o modelo fatorial da EMAS (e.g., CFI = 0,96, TLI = 0,95) quanto o da EMANS (e.g., CFI = 0,95, TLI = 0,93), os quais também se apresentaram invariantes em relação ao sexo dos participantes (ΔCFI < 0,010; ΔRMSEA < 0,015). Finalmente, o Capítulo 3 pretendeu conhecer a relação entre o autocontrole, valores humanos e imagem corporal com as motivações para a alimentação saudável e não saudável, bem como desenvolver modelos explicativos dessas. Contou-se com uma amostra de 391 pessoas da população geral que responderam os seguintes instrumentos: Escala de Investimento Corporal, Escala de Avaliação da Satisfação com a Imagem Corporal, Escala de Motivações para Alimentação Saudável, Escala de Motivações para Alimentação Não Saudável, Questionário dos Valores Básicos e o Brief Self-Control Scale. Em linhas gerais, os resultados indicaram que um maior nível de autocontrole, valores sociais e centrais e uma maior satisfação com a imagem corporal estão relacionados a uma maior motivação para a alimentação saudável, enquanto um baixo autocontrole, valores pessoais e uma menor satisfação com a imagem corporal estão relacionados a uma maior motivação para a alimentação não saudável. O modelo explicativo das motivações para a alimentação saudável a partir do autocontrole, valores sociais e cuidado corporal apresentou indicadores de ajuste satisfatórios (e.g., CFI = 0,95, TLI = 0,93) que indicaram sua plausibilidade. Diante desses resultados, confia-se que os objetivos da tese tenham sido alcançados. Foram exploradas em um enfoque qualitativo as motivações para a alimentação saudável e não saudável, desenvolvidas duas medidas parcimoniosas e com bons indicadores de validade de construto e fidedignidade, e conhecidas as relações dessas motivações com o autocontrole, valores humanos e imagem corporal. Decerto, estes achados contribuem para a literatura sobre a temática no cenário brasileiro.