Três experimentos foram realizados para avaliar as características produtivas, morfológicas e o
valor nutricional da Brachiaria híbrida cultivar Mulato II em comparação a Brachiaria
brizantha cultivar Marandu, sob diferentes alturas do dossel. O delineamento experimental foi
o inteiramente casualizado em esquema fatorial 2x4, sendo: duas forrageiras (Mulato II e
Marandu) e quatro alturas de corte pré-desfolhação (30, 45, 60 e 75 cm), com seis repetições.
A área de cada parcela foi de 20m2. Os dois primeiros experimentos foram semelhantes, sendo
distintos apenas pela utilização de adubação no primeiro, e ausência desta no segundo,
simulando um sistema de baixa adoção de tecnologia. Em ambos, as avaliações foram
realizadas de abril de 2015 a março de 2016, separadas por estações (outono, inverno/primavera
e verão). No primeiro experimento, durante o outono, o capim Mulato II apresentou menor
(P<0,05) massa de forragem (MF), pseudocolmo e fibra, e maiores (P<0,05) proporções de
lâmina foliar, relação lâmina foliar/pseudocolmo, proteína bruta (PB) e digestibilidade in vitro
da matéria orgânica (DIVMO). Durante o inverno/primavera e verão, não houve diferença
(P>0,05) entre capins para MF. O Mulato II apresentou menores (P<0,05) frações de fibras. Em
ambos os capins, o aumento da altura do dossel pré-corte de 30 para 75 cm resultou em menores
(P<0,05) médias para lâmina foliar, relação lâmina/pseudocolmo, DIVMO, energia
metabolizável e nutrientes digestíveis totais. No segundo experimento, em todos os períodos do
ano, os capins não atingiram as metas de alturas propostas de 75cm. A MF entre os capins não
diferiu (P>0,05) em todos os períodos do ano, exceto para altura de 60 cm no outono em que o
capim Mulato II apresentou menor (P<0,05) média que o capim Marandu. Durante o outono
não houve diferença (P>0,05) entre os capins para proteína bruta PB e FDNi. Neste período, o
Mulato II apresentou menor (P<0,05) fração de fibra em detergente neutro corrigida para cinzas
e proteína (FDNcp), fibra em detergente ácido (FDA) e nitrogênio insolúvel em detergente
ácido (NIDA). Na estação inverno/primavera o capim Mulato II apresentou maior (P<0,05)
fração de lâmina foliar e PB, e, menores (P<0,05) frações de pseudocolmo, FDNcp, FDA,
NIDA e fibra em detergente neutro indigestível (FDNi). No verão, maior (P<0,05) PB e menor
(P<0,05) NIDA foram encontrados no capim Mulato II. Em todos os períodos do ano, o
incremento da altura do dossel pré-corte de 30 para 75 cm resultou em maior (P<0,05)
xi
pseudocolmo, material morto, fibras, e NIDA e menor (P<0,05) PB. No terceiro experimento,
o Multato II apresentou maiores (P<0,05) médias de produção de gás em todos os tempos de
incubação nas alturas de 45 e 75 cm. Em ambos os capins, nos tempos 6, 12, 24h e, nos tempos
48 e 72h apenas para o capim Marandu, houve efeito linear (P<0,05) decrescente para a
produção cumulativa de gases em função das alturas do dossel pré-corte. A produção de gás
total (PG) foi maior (P<0,05) no capim Mulato II com 45 e 60 cm de altura, e o CH4 (mL g
MSi-1), com 75 cm. Menor (P<0,05) Lag time, maior (P<0,05) digestibilidade in vitro da matéria
seca (DIVMS) com 12h de incubação, e maior (P<0,05) volume de gás da fração de rápida
digestão (V1) foram obtidos com o capim Mulato II. Em ambos os capins, o aumento das alturas
do dossel pré-corte, de modo geral, promoveu aumento linear (P<0,05) em V2 e,redução linear
(P<0,05) na DIVMS, nos volumes de CH4 expressos em relação à MS digerida e à fibra em
detergente neutro digerida (FDNd), e em V1. O volume de CH4 em relação ao total de gás
produzido (mL CH4total de gás L-1), a quantidade total e proporção molar individual dos ácidos
graxos de cadeia curta, e a relação acetato:propionato não foram influenciadas (P>0,05) pelos
capins e alturas do dossel pré-corte. Em conclusão, o capim Mulato II não apresenta vantagens
em termos produtivos em relação ao capim Marandu ao longo do ano, mas tem melhor estrutura
do dossel, mesmo sem a utilização de adubação. Apresenta maior fração de carboidratos não
fibrosos, é menos sensível à perda do potencial fermentativo com a altura do dossel, e não se
diferencia do capim Marandu quanto à produção de ácidos graxos de cadeia curta e volume de
metano. A altura de corte ou pré-pastejo de 30 cm permite, em ambos os capins, produção de
forragem de melhor valor nutritivo, com maior potencial de produção de gás e, e ambos, nesta
condição, podem contribuir com a mitigação do metano por unidade de produto produzido.