O sashimi é um produto oriundo da culinária japonesa, elaborado com pescado cru, geralmente, salmão e atum. Esse produto, muito popular no Brasil e em vários outros países do mundo, pode representar importante fonte de contaminação bacteriana para o homem devido às etapas envolvidas no preparo do peixe cru, seu armazenamento e distribuição. Entretanto, dados sobre a ocorrência de patógenos nesse produto são escassos na literatura. Esse estudo teve como objetivo investigar a presença de cepas diarreiogênicas de Escherichia coli em sashimi comercializados em restaurantes de Salvador, BA, Brasil, e avaliar a susceptibilidade dos isolados a antimicrobianos. Foram analisadas 127 amostras de sashimi crus, no período de junho a outubro de 2016, oriundas de 16 restaurantes da culinária japonesa. As amostras foram inoculadas em caldo EC e aquelas positivas para a produção de gás foram estriadas na superfície do ágar EMB de Levine. Colônias típicas do microrganismo foram confirmadas através das provas bioquímicas do IMViC. Para verificar a presença de cepas diarreiogênicas EPEC, EIEC e EHEC, os isolados foram submetidos ao teste de aglutinação em lâmina. Em adição, os isolados identificados como E. coli foram submetidos ao teste de susceptibilidade a 14 antibióticos através da técnica de disco-difusão. E. coli foi detectada em 14,7% das amostras de sashimi, sendo que 19% em amostras de sashimi preparadas com atum e 11% naquelas preparadas com salmão. As cepas EPEC, EIEC e EHEC não foram identificadas, pois nenhum isolado demonstrou resultado positivo para aglutinação nos testes sorológicos. Quanto à susceptibilidade dos isolados aos antimicrobianos, 66,6% e 62,5% foram resistentes a ampicilina e estreptomicina, respectivamente. Verificou-se que 29,16% dos isolados apresentaram Resistência Múltipla a Antimicrobianos (RMA), índice superior a 20%, caracterizando-se como cepas multirresistentes. Quanto à produção de β-lactamases de espectro estendido (ESBL), verificou-se que 12% dos isolados apresentaram a enzima. A presença de isolados multirresistentes e produção de ESBL por alguns deles nas amostras analisadas é um dado preocupante, indicando a necessidade de monitorar e intensificar o controle do uso de antimicrobianos na terapia veterinária e humana.