O presente estudo teve como objetivo elucidar o envolvimento das
Prostaglandinas (PGs) E2 e F2α na maturação in vitro (MIV) de ovócitos bovinos. Nos
primeiros experimentos, avaliou-se a cinética de maturação nuclear e o perfil de
expressão de genes envolvidos na atividade dessas PGs (PTGS2, PTGES1, PTGER2 e
AKR1B1) nas células do cumulus (CCs) de ovócitos bovinos de diferentes
competências, antes a após a maturação. Os complexos cumulus-ovócitos
(CCOs) foram obtidos de folículos dissecados de 1,0-2,9 mm (ovócitos incompetentes;
INC) e 6,0-8,0 mm (ovócitos competentes; COM), e o grupo controle, da aspiração
folicular de folículos de 3-8 mm (CTL). Para a cinética os CCOs foram desnudados,
fixados, corados com lacmoide e avaliados quanto ao estágio de maturação nuclear. Já
para a determinação do nível de transcritos os CCOs foram desnudados e as CCs
coletadas para a análise por RT-qPCR. No terceiro experimento, o efeito da
suplementação do meio de maturação com PGE2 e PGF2α foi avaliado. Os CCOs,
aspirados de folículos de 3-8mm foram selecionados e distribuídos em cinco
tratamentos: T1 (meio de maturação; CTL); T2 (meio de maturação suplementado com
10μM de NS398 -inibidor específico da PTGS2); T3 (meio de maturação suplementado
com 1μM de PGE2 e 10μM NS398); T4 (meio de maturação suplementado com 1μM
de PGF2α e 10μM NS398); T5 (meio de maturação suplementado com 1μM de PGE2,
1μM PGF2α e 10μM NS398). Após 24 horas de MIV, os CCOs foram avaliados quanto
ao grau de expansão das CCs e, posteriormente, foram fecundados e cultivados in vitro
até o D7 de desenvolvimento. Avaliou-se as taxas de clivagem em D2 e de blastocistos
em D6 e D7. Os blastocistos de D7 foram avaliados quanto ao número total de células e
a porcentagem de células com fragmentação do DNA. Os dados de taxa de maturação e
desenvolvimento embrionário foram analisados pelo teste do Qui-quadrado, os de
padrão de expressão gênica por análise de variância e teste de Tukey, e para a
fragmentação do DNA (TUNEL), foi utilizado o teste de Tukey. Os resultados
mostraram que ovócitos de diferentes competências apresentaram cinética de maturação
nuclear semelhante (P>0,05). Durante a MIV a abundância relativa do RNAm para o
gene PTGS2 nas CCs aumentou (P<0,05) no grupo INC, enquanto a de PTGES1
aumentou (P<0,05) nos grupos INC e COM. O nível de transcritos de AKR1B1
diminuiu (P<0,05) no grupo INC e o de PTGER2 não variou (P>0,05). Quando
comparados no mesmo momento de maturação, o nível de transcritos de todos os genes
avaliados foi semelhante (P>0,05) entre os grupos, tanto às 0 quanto as 24 horas de
MIV. Com exceção do gene PTGS2 que apresentou menor expressão às 24 horas no
grupo COM do que os grupos INC e CTL. Os tratamentos não afetaram (P>0,05) a
expansão das CCs, a taxa de clivagem nem a qualidade embrionária, mas promoveram
uma diminuição (P<0,05) nas taxa de blastocistos dos grupos tratados com PGs. Com
base nos resultados conclui-se que apesar da suplementação do meio de maturação com
PGE2 e PGF2α ter efeito prejudicial no desenvolvimento embrionário, os genes
relacionados à atividade dessas PGs são diferencialmente expressos durante a
maturação, e o gene PTGS2 se mostrou um bom marcador da competência dos CCOs
maturos.