Esta dissertação busca entender como as percepções de gênero e sexualidade se imbricam nas relações cotidianas entre docentes, técnicos/as vinculados/as à Diretoria de Ensino e os discentes do Ifes Campus Linhares. Buscou-se a triangulação dos dados com os três sujeitos da pesquisa para abarcar o máximo de descritores, explicação e compreensão do foco em estudo. Para tanto, foram explorados os seguintes momentos: pesquisa bibliográfica alinhada à perspectiva pós-estruturalista, com contribuições para a educação; observação da dinâmica escolar e das reuniões pedagógicas com o objetivo de registrar atitudes ou falas de conotação homofóbica ou sexista, sendo feitos em um diário de bordo; análise de registros escolares realizados pela Coordenadoria de Apoio ao Educando (CAE), de acordo com o Código de Ética e Disciplina do Corpo Discente do Ifes, a respeito de atos de indisciplina leve, mais especificamente, o descumprimento das normas regulamentadoras de uniforme; aplicação de questionários fechados aos participantes da pesquisa; realização de entrevista semiestruturada direcionada às/aos docentes e a integrantes dos coletivos Feminifes, Colorifes, Melanina e Icacheou, além de consultas às anotações das atividades e produções desenvolvidas por esses coletivos, tais como manifestos, adesivos de campanhas públicas, murais, cartazes, performances e rodas de conversa. O protagonismo das alunas e alunos, com suas histórias, lutas e experiências incomodou a noção de ética e estética de educadores/as que se posicionavam de modo conservador, repressor e violento, desconhecendo os ideais de inclusão. Os múltiplos olhares desta pesquisa permitem sugerir a criação de um espaço no Campus para discutir e problematizar as raízes histórico-culturais dos preconceitos ligados à diversidade sexual e de gênero; da afetividade e do prazer na esfera da sexualidade, para além da prevenção das DSTs/AIDS e gravidez precoce; do respeito à diversidade sexual e de gênero; do combate à cultura do estupro, associada ao patriarcalismo e ao machismo; do combate à violência contra adolescentes e jovens, em virtude de sua orientação sexual. Para a construção de estratégias de combate aos preconceitos e discriminações é fundamental que os/as educadores/as busquem o aprofundamento teórico-conceitual sobre gênero e sexualidade, considerando o caráter laico e público de um instituto federal. Nesse sentido, é preciso envolver os/as profissionais vinculados à Diretoria de Ensino do Ifes Campus Linhares – em especial os/as servidores/as técnicos/as administrativos/as –, em grupos de discussão que contemplem temas, como o combate ao sexismo e às fobias ligadas ao público LGBT, como preconizado pelo PDI do Ifes. A pesquisa constatou que mecanismos excludentes encontram-se presentes no cotidiano institucional, algumas vezes de forma sutil, outras vezes de forma tão violenta e grosseira, que são capazes de alterar a trajetória escolar de estudantes.