Amblyomma sculptum é um carrapato de importância médico-veterinária que parasita diversas espécies, principalmente capivaras, equinos e pode parasitar humanos. Atualmente o controle de carrapatos é um desafio visto as desvantagens do controle convencional, por isso, métodos alternativos são desejáveis. Os semioquímicos, que são substâncias capazes de modular o comportamento de carrapatos, podem ser utilizados para este fim. O uso de feromônios, cairomônios assim como a utilização de compostos de espécies não-hospedeiras (alomônios) para controlar carrapatos já foi evidenciado. Na literatura se tem descrito semioquímicos que poderiam atuar no comportamento de A. sculptum e sabe-se também que asininos (Equus asinus) são mais resistentes ao parasitismo por esta espécie que os equinos (Equus caballus). A partir disto foi proposto olfatometria com ninfas e adultos não alimentados de A. sculptum frente a 15 candidatos a semioquímicos (CO2 apenas a 5%, benzaldeído, ácido benzóico, ácido nonanóico, nonanal, ácido salicílico, 2,6 diclorofenol, R-limoneno, S-limoneno, metil salicilato, 1-octen-3-ol, acetona, hidróxido de amônio, ácido isobutírico e ácido lático) em quatro concentrações (10, 5, 2,5 e 1,25%) e teste a campo com os compostos que forem atraentes. Foi também investigado se os asininos (Equus asinus) produzem compostos que podem atuar como repelentes para A. sculptum e olfatometria com ninfas não alimentadas de A. sculptum utilizando os compostos identificados em diferentes concentrações (1,0, 0,5, 0,25 e 0,125M). Quanto aos candidatos a semioquímicos, o CO2 foi atraente para todos os estágios testados. As ninfas foram repelidas pelo benzaldeído e R-limoneno ambos a 10% e pelo ácido isobutírico a 10 e 5%. E foram atraídas pelo ácido benzóico, ácido salicílico e metil salicilato a 1,25% e pelo hidróxido de amônio a 2,5%. Machos foram atraídos pelo ácido benzóico na concentração de 2,5%, enquanto fêmeas foram repelidas pelo benzaldeído a 5%. Foram testadas quatro misturas (v/v) com os compostos atraentes para ninfas, porém nenhuma atividade foi observada. Os compostos que causaram atratividade no olfatômetro (CO2, metil salicilato, ácido benzóico, ácido salicílico e hidróxido de amônio) foram testados a campo. Armadilhas com estes compostos foram colocadas em uma pastagem naturalmente infestada por A. sculptum. O CO2 foi o composto que capturou mais carrapatos (p >0,05). Para verificar a produção de voláteis repelentes pelos animais resistentes ao A. sculptum foi feita uma colheita de sebo de equinos e asininos e foram identificados por meio de cromatografia gasosa e espectofotometria de massa nas duas espécies cinco principais compostos, sendo dois predominantes em cavalos: etil decanoato e etil octanoato, três predominantes em asininos: hexanal, heptanal e trans-2-decenal. Um composto, trans-2-octenal, foi identificado exclusivamente em asininos e os animais produzem uma média de 12,398 μg.mg-1 deste composto. Na olfatometria apenas o trans-2-octenal foi repelente em todas as concentrações testadas (10, 5, 2,5 e 1,25M). E ao ser adicionado um composto atraente (hidróxido de amônio) a substância manteve-se repelente. Os resultados indicam que o ácido benzoico deve ser mais investigado visto seu desempenho em laboratório e a campo. O ácido isobutírico e R-limoneno devem ser melhor explorados devido a repelência causada no ensaio comportamental. E o semioquímico identificado aqui modula o comportamento do carrapato e, portanto, é um composto potencial a ser transformado em uma nova tecnologia para controlar A. sculptum.