O trabalho visou avaliar os efeitos do tempo e clima em búfalas criadas em pleno sol e em
condições de sombreamento, através de respostas termorreguladoras e comportamentais com
uso de termografia infravermelho, em ano de El Niño forte, na Ilha de Marajó, Pará. O
experimento foi realizado no município Cachoeira do Arari (Latitude 00°55’37.8”S e
Longitude 48°43’48.1”W), entre outubro e novembro (período menos chuvoso), no ano de
2015. Foram utilizadas 20 búfalas Murrah, entre dois e três anos de idade e com peso médio
de 267,92 ± 28 kg, cíclicas, não-gestantes e não-lactantes, clinicamente saudáveis, e
distribuídas aleatoriamente em dois grupos (grupo CS - com sombra e grupo SS - sem
sombra), em pastejo contínuo, com acesso à água para beber e sal mineral ad libitum. Foram
obtidos dados de temperatura do ar (TA, ºC), umidade relativa do ar (UR, %) e velocidade do
vento (VV, m/s). No primeiro experimento visou avaliar as condições climáticas e fazer uma
análise temporal de variáveis agrometeorológicas na Ilha de Marajó para subsidiar estratégias
de manejo em búfalos no Pará, Amazônia. Para caracterizar as condições climáticas da Ilha de
Marajó, foi analisado dados da estação meteorológica localizada no município de Soure
(00º43'00" S e 48º31'24" W), referentes ao período de 1992 a 2015, que expressam valores
médios de precipitação pluvial, temperatura média, máxima e mínima do ar, umidade relativa
do ar e radiação solar, disponibilizados pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).
Fez-se a análise da magnitude de anomalias nas precipitações anuais, extraindo-se os anos
anômalos positivos e negativos, que indicam possíveis efeitos de mecanismos extremos, como
El Niño e La Niña. No experimento 2 foram avaliadas reações termorreguladoras e
comportamentais de búfalas, na presença ou ausência de radiação solar direta. Para avaliação
do comportamento das búfalas, considerou-se quatro categorias de atividades: pastejo,
ruminação, ócio e outras atividades, de forma contínua, a cada cinco minutos em seis turnos:
manhã - entre 6h00 e 9h55, intermediário - 10h00 e 13h55, tarde - 14h00 e 17h55, noite -
18h00 e 21h55, madrugada 1 -22h00 e 1h55h e madrugada 2 - 2h00 e 5h55. Posteriormente,
registou-se dados de temperatura retal (TR), frequência respiratória (FR) e temperatura da
superfície corporal (TSC), às 6h, 10h, 14h, 18h e 22h. O experimento foi inteiramente
casualizado, com delineamento de intercâmbio “crossover”. A análise da termografia
infravermelho foi realizada com câmera FLIR T - series T640bx. Conclui-se que a criação de
bubalinos na Ilha de Marajó está vulnerável as condições ambientais. Em ano de eventos
extremos como El Niño há reduções de chuvas que ocasionam secas severas, comprometendo
a disponibilidade de forragem e o bem-estar dos animais. As búfalas tendem à hipertermia nos
horários mais críticos, sendo o uso da sombra essencial na criação destes animais, pois o seu
acesso permite uma rápida recuperação fisiológica. Quando as búfalas estão em sistema
silvipastoril pastejam, ruminam e realizam outras atividades com mais intensidade do que
animais criados em sistemas sem acesso a sombra.