O Mayaro virus (MAYV) é um arbovírus subletal transmitido por Haemagogus janthinomys de hábito silvestre, conhecido por ser endêmico apenas de regiões ribeirinhas da Amazônia. No entanto, recentemente, após confirmação de possível transmissão por Aedes aegypti e seu isolamento em algumas metrópoles, revelando uma ameaça latente ao sistema de saúde pública, foi classificado como um vírus emergente. Com sintomas que são confundidos aos da Febre Dengue e outras arboviroses, a Febre Mayaro é uma doença altamente debilitante, na qual artralgias graves podem persistir por meses após a infecção, causando desconforto ao paciente e perda de produtividade. Além da inexistência de um sistema de diagnóstico eficiente, não há terapia ou vacina disponíveis contra esse vírus. Assim, esta proposta tem como objetivo investigar a presença de atividade antiviral contra o MAYV em compostos isolados de Celastraceae. Os ensaios antivirais iniciais, realizados com extratos de raízes Maytenus imbricata, detectaram presença de atividade antiviral. Assim, os testes antivirais passaram a ser conduzidos com diferentes compostos isolados da mesma espécie e/ou Família. Os compostos avaliados foram metilepigalocatequina, naringenina, rutina, tingenona e proantocianidina (PAC). Preliminarmente, na determinação da concentração citotóxica para 50% das células (CC50), apenas tingenona se mostrou tóxica em baixas concentrações. Pelos ensaios antivirais in vitro, a concentração efetiva/protetiva para 50% das células infectadas pelo MAYV (CE50) foi determinada, destacando-se a PAC com uma CE50 de 23,15 ± 2,11 μg/mL, e um índice de seletividade (IS) acima de 40. Na avaliação dos mecanismos de ação, a PAC mostrou uma potente atividade virucida, sendo capaz de inibir 100% da produção de vírus (ou até 7 unidades logarítmicas) em concentrações a partir de 31,25 μg/mL (moi 0,1), comparada à células apenas infectadas (controle viral), apresentando também moderada atividade na etapa de penetração do vírus a partir da concentração de 100 μg/mL, mas não foi capaz de bloquear a adsorção viral. Quando adicionada em diferentes momentos após a infecção (1, 3, 6, 12, 24 e 36hpi) na concentração de 31,25 μg/mL, ainda que menos pronunciada, uma significativa redução (até ~15 vezes) no número de unidades formadoras de placas virais (UFP) foi observada, principalmente quando adicionada nos períodos iniciais do ciclo viral. Dessa forma, os resultados em conjunto nos dão indícios que PAC se liga a elementos virais e não celulares, sendo capaz de inativar o vírus antes da infecção ou quando ele se torna extracelular a partir do 2° ciclo de infecção, numa ação que poderia bloquear seu avanço célula-a-célula ou a tecidos ainda não infectados.