A adaptação da tainha (Mugil liza Valenciennes, 1836) à água doce é uma alternativa para aumentar seu uso na piscicultura continental. Entretanto, ainda não estão estabelecidos os parâmetros de água doce em que a espécie se mantém em conforto fisiológico. O cálcio é de fundamental importância nos processos metabólicos e de osmorregulação. Nesse contexto, a definição de um valor ótimo de dureza, baseada no nível de cálcio na água, facilitará os processos fisiológicos para a adaptação de juvenis desta espécie em água doce. Este estudo teve como objetivo, avaliar o efeito de três diferentes durezas de água doce (25, 250 e 750 mg.L-1 CaCO3) e um controle (salinidade 15 e dureza 2500 ± 130,9 mg.L-1 CaCO3), em juvenis de tainha, através de um teste de longo prazo (50 dias), avaliando o desempenho zootécnico (ganho de peso, conversão alimentar, taxa de crescimento específico e sobrevivência), parâmetros fisiológicos (glicose) e histológicos (alterações de brânquias) a fim de determinar a faixa de dureza em água doce mais adequada para a espécie. Os peixes com peso médio inicial de 22,0 ± 2,84 g foram mantidos em condições constantes de temperatura, pH, alcalinidade e amônia, e alimentados quatro vezes ao dia com dieta comercial. Não houve mortalidade em nenhum tratamento, mas considerando o parâmetro peso, o tratamento 250 mg.L-1 CaCO3 teve valor significativamente superior aos demais tratamentos em água doce, porém, no controle o peso teve o valor mais elevado de todos. A glicose no sangue dos animais mantidos em salinidade 15 foi significativamente menor em relação aos outros tratamentos. As análises histológicas mostraram alterações morfológicas importantes, indicando um efeito do estresse nos peixes mantidos em 25 e 250 mg.L-1 CaCO3 e um efeito de proteção em 750 mg.L-1 CaCO3. Conclui-se que para cultivar juvenis de tainha em água doce, a dureza mais adequada, dentre as avaliadas, é 250 mg.L-1 CaCO3