A garantia do abastecimento energético é um dos grandes desafios da atualidade, sendo necessário
racionalizar o emprego da energia elétrica em seus diferentes usos, seja por meio de pesquisas que
busquem a maior eficiência dos sistemas, seja procurando fontes alternativas de energia para sua
substituição, parcial ou total. Dentre os nichos de aplicação potencial, identificou-se o setor comercial
que possui um papel importante na matriz energética brasileira, devido principalmente ao elevado
consumo dos sistemas de condicionamento de ar ambiente, inclusive com a geração de picos de
demanda nos horários ditos comerciais, nos grandes centros. Destacam-se: shoppings, cinemas, lojas
varejistas e etc. Nesse caso, a utilização de fontes renováveis de energia, como a solar, não deve ser
negligenciada, pois tem se mostrado cada vez mais acessível e com custos mais competitivos. Para
condicionamento de ambientes, deve-se evidenciar que, o período do ano com maior demanda de
carga térmica de resfriamento (verão) nos centros comerciais coincide normalmente com o maior nível
de irradiação solar incidente. Nesse trabalho, estudou-se o desempenho energético da tecnologia solar
fotovoltaica em substituição do sistema elétrico convencional para usos no setor comercial de
diferentes portes, localizados nas cidades de Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Para determinação do
número de horas de utilização do ar condicionado, foi adotada a metodologia clássica de graus-dias
para níveis de temperatura de referência definidos na norma brasileira. A simulação das diferentes
plantas fotovoltaicas foi feita com auxílio do programa Simulador Solar. Realizou-se uma análise
ambiental quantitativa da potencial emissão de CO2 proveniente da geração de energia elétrica para
condicionamento de ar. Para a análise econômica foi utilizada uma planilha de cálculo, desenvolvida
por pesquisadores do projeto P&D 438. Nessa análise, foram propostos cenários de aumento anual de
tarifas de 8%, 10% e 12%, além de redução do investimento na planta solar de 10%, 20% e 35%. Os
resultados obtidos indicam valores de 37% e 100% para a relação entre as áreas requeridas de painéis
fotovoltaicos em BH e RJ, respectivamente, e as áreas climatizadas. A viabilidade econômica dessa
substituição é fortemente dependente do porte da instalação, da tarifa de energia elétrica praticada no
local e do investimento inicial (CAPEX), conforme esperado. Para BH/MG, não se obteve taxas
internas de retorno de investimento maiores do que a taxa de atratividade pré-definida de 0,75% nas
condições atuais, mas somente em cenários otimistas de aumento da tarifa de energia elétrica de 12%
a.a. e redução do custo da tecnologia fotovoltaica em 35% em instalações de grande porte (carga
térmica superior a 17,5 toneladas de refrigeração). Para o RJ/RJ, os resultados são mais promissores,
justificados pelo maior número de horas de utilização do ar condicionado por ano e maior tarifa de
energia praticada no setor comercial.