As doenças periodontais provocam inflamações dos tecidos de proteção e sustentação dos dentes. Na gengivite e gengivite necrosante, que são percursores da periodontite,a inflamação está associada à formação do biofilme bacteriano e à resposta imune do hospedeiro. O objetivo geral do presente trabalho foi avaliar a eficácia da virginiamicina no controle da gengivite e gengivite necrosante em bezerros, com destaque para o monitoramento da microbiota subgengival associada à doença e da condição periodontal que caracterizam essas enfermidades. Dez bezerros, randomizados e distribuídos em dois grupos, foram mantidos sob o mesmo manejo em pastejo rotacionado em área recém-reformada de Panicum maximum var. Massai e Mombaça. Por 18 semanas consecutivas, um dos grupos (Grupo Virginiamicina, n=5) recebeu via top-dressing, diariamente, 340 mg de Virginiamicina, enquanto o Grupo Controle (n=5) não recebeu o produto. Aavaliação clínica da cavidade bucal do Grupo Controle (n=5) e do Grupo Virginiamicina (n=5), foi realizada semanalmente, enquanto que a coleta de material para a avaliação microbiológica foi quinzenal. Na avaliação microbiológica, pela reação da cadeia da polimerase (PCR) utilizou-se os iniciadores de vinte e cinco microrganismos: Actinomyces israelii, Actinomyces naeslundii, Archae, Eikenella corrodens, Campylobacterspp., Fusobacterium nucleatum, Fusobacterium necrophorum, Mollicutes, Parvimonas micra, Porphyromonas asaccharolytica, Porphyromonas endodontalis, Porphyromonas gingivalis, Porphyromonas gulae, Prevotella buccae, Prevotella loescheii, Prevotella intermedia, Prevotella melaninogenica, Prevotela nigrescens, Prevotella oralis, Selenomonas sputigena, Tannerella forsythia, Treponema amylovorum, Treponema denticola, Treponema maltophilume Treponema pectinovorum. Após 1440 avaliações clínicas periodontais dos dentes incisivos verificou-se que o grupo controle apresentou maior ocorrência de gengivite (n=267) e gengivite necrosante (n=58) do que os animais que receberam tratamento, tanto em relação à gengivite (n=128) quanto à gengivite necrosante (n=31). Na comparação entre as médias dos grupos, o total de dentes com gengivite (p<0,01) e gengivite necrosante (p<0,01) no Grupo Controle, foi significamente superior ao de gengivite (p<0,01) e gengivite necrosante (p<0,05) do Grupo Virginiamicina, de acordo com o teste t (p<0,05). Pela PCR, foram detectados A. israelii (4,74%), Archae (1,58%), E. corrodens (1,05%), F. nucleatum (27,37%), Mollicutesspp. (5,26%), P. endodontalis (5,26%), P. gulae (0,53%), P. buccae (6,32%), P. loescheii (3,68%), P. nigrescens (8,42%), P. oralis (1,58%), T. forsythia (0,53%) e T. denticola (4,21%) no Grupo Controle. Já no Grupo Virginiamicina: A. israelii (3,41%), Archae (0,98%), F. nucleatum (9,27%), Mollicutes sp. (4,39%), P. endodontalis (4,39%), P. gulae (0,49%), P. buccae (8,29%), P. loescheii (6,83%), P. nigrescens (15,61%), P. oralis (1,46%), S. sputigena (0,49%), T. forsythia (0,49%) e T. denticola (2,44%). Nesse contexto, é possível afirmar que os bovinos apresentaram gengivite e gengivite necrosante quando mantidos em pasto recém-reformado, que existe uma microbiota bucal com micro-organismos potencialmente patogênicos e que a virginiamicina foi eficaz no controle dessas doenças periodontais.