Introdução: Na sepse ocorre ativação da xantina oxidase (XO) que produz ácido úrico e espécies reativas de
oxigênio. Objetivo: Avaliar o efeito dos inibidores da xantina oxidase (XOi) no modelo de sepse induzida
pelo LPS. Material e Métodos: Durante 3 dias a cada 24 horas foram administrados XOi por gavagem,
alopurinol (Alo, 2 mg/kg) ou febuxostat (Feb, 1 mg/kg) imediatamente antes da administração do LPS por
via IP (10 mg/kg). Visando elevar o ácido úrico, administramos ácido oxônico (Oxo, 750 mg/ kg/dia), por
gavagem, durante 5 dias. Os animais foram divididos em dez grupos (n = 6 cada): 1-Controle, 2-Alo, 3-Feb,
4-LPS, 5-LPSAlo, 6-LPSFeb, 7-Oxo, 8-OxoLPS, 9-OxoLPSAlo e 10-OxoLPSFeb. Os dados foram analisados por
ANOVA, teste de múltipla comparação de Tukey e as curvas de sobrevivências pelo teste de Kaplan-Meier
considerando o valor de p significante quando menor do que 0,05. Os dados foram relatados com média e
desvio padrão. Resultados: Houve comprometimento da função renal em todos os animais que receberam
LPS, sendo que nestes grupos, na avaliação por imunohistoquímica, houve menor proliferação celular
avaliada pelo PCNA e maior presença de apoptose mediada pela caspase-3 clivada, compatíveis com a
gravidade do quadro. Na administração simultânea do Alo, na sepse experimental induzida por LPS,
observamos maior impacto do choque séptico com aumento significante da mortalidade (p<0,05) no grupo
LPSAlo (28 /34; 82%) quando comparada com LPS (10 /16; 63%) ou LPSFeb (11/17; 65%). Observamos
também menores valores médios do clearance de creatinina no grupo que recebeu somente LPS (44%)
(p<0,05); no grupo LPSAlo (60%) (p<0,01) e no grupo LPSFeb (35%) (p<0,05). Adicionalmente obtivemos
elevados níveis de espécies reativas de oxigênio (nMol/mg de creatinina na urina de 24 horas, p<0,001) nos
grupos que receberam Alo, sendo no LPSAlo (293,3±35,8) e OxoLPSAlo (304,3±60,4) comparados com LPS
(267,8±44,9), LPSFeb (220,0±39,1), OxoLPS (236,7±33,2) e OxoLPSFeb (211,2±43,6). Em todos os grupos que
receberam LPS os níveis de TNF-α aumentaram cerca de 3 vezes em relação aos controles em 17 horas e
retornaram aos níveis basais em 72 horas exceto nos grupos LPSAlo e OxoLPSAlo, onde não se observou
esta queda tardia. Comparando os níveis de IL-6 com 17 hs de experimento, no grupo LPSALO (238,8±28
pg/mL) (p<0,05) e OxoLPSAlo (275,7±52 pg/mL) (p<0,01), os valores foram significantemente maiores em
relação à LPS (175,7±40 pg/mL) e LPSFeb (199,5±23 pg/mL), mas não houve diferença entre OxoLPS
(231,3±19 pg/mL) e OxoLPSFeb (229,2±30 pg/mL) ou comparando LPSAlo vs OxoLPSAlo. Com 72 horas
ocorreu redução de cerca de 50% dos valores de IL-6 em todos os grupos, exceto em LPSAlo e OxoLPSAlo
que permaneceram elevados, ambos com aproximadamente 15 vezes em relação aos controles. Conclusão:
Nesse protocolo, a administração simultânea do Alo na sepse experimental induzida por LPS agravou o
choque séptico com aumento da mortalidade, comprometimento da função renal, maiores valores para as
espécies reativas de oxigênio e para as interleucinas pró-inflamatórias. Diferentemente, quando
administramos o febuxostat, não observamos agravos no quadro séptico, provavelmente por sua maior
seletividade e, portanto, não interferindo com outros eventos metabólicos o que provavelmente ocorre
com o alopurinol.