Por meio do presente estudo, buscou-se correlacionar a pressão intra-abdominal (PIA) com a pressão intravesical (PIV), em equinos em posição supina ou decúbito lateral, submetidos a procedimentos cirúrgicos eletivos, no setor de clínica cirúrgica do Hospital Veterinário “Governador Laudo Natel”, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Unesp, Câmpus de Jaboticabal/SP. Ao longo de dois anos, foram mensurados dados de 20 cavalos adultos, sendo 11 machos (inteiros ou castrados) e 09 fêmeas, com peso corpóreo entre 350 e 500 kg e idade entre 3.5 a 12 anos, divididos em dois grupos: decúbito lateral (n=10) e posição supina (n=10). A pressão intra-abdominal foi registrada por abdominocentese, utilizando-se cânula intraperitoneal conectada a sistema preenchido por fluído (equipo de pressão venosa central), calibrado na altura de inserção da cânula. Já a pressão intravesical foi obtida a partir de sondagem vesical, utilizando-se sistema preenchido por fluído, calibrado ao nível da tuberosidade isquiática de cada animal (posição supina) ou sínfise púbica (decúbito lateral). O decúbito influenciou diretamente nos valores da PIA. Houve diferença expressiva (p < 0.001) e ausência de correlação entre a PIA registrada em posição supina e decúbito lateral, tanto à inspiração (rs = 0.127, p = 0.209) quanto à expiração (rs = - 0.0393, p = 0.697). Em posição supina foi observada diferença (p < 0.05) entre a PIA e PIV, ao final da inspiração e expiração, tanto para a PIV obtida com a vesícula urinária vazia quanto distendida com os volumes predeterminados. Pôde-se observar correlação e concordância desprezíveis entre ambas nesta posição corporal. Em decúbito lateral, ao final da inspiração, houve diferença (p < 0.05) entre a PIA e a PIV registrada com insuflação com 25ml. Já, ao final da expiração, esse fato foi evidenciado para a PIV obtida com 25ml e 50ml. A PIV obtida após distensão vesical de 100ml foi a única a não diferir da PIA, independentemente do lado o qual o paciente havia sido posicionado. Da mesma forma, para este valor, observou-se alta correlação e concordância entre as pressões. Quando o decúbito lateral for dividido em esquerdo e direito, a correlação e concordância entre as pressões mantiveram-se, independentemente do volume de insuflação vesical utilizado para obtenção da PIV e do lado o qual o paciente estava posicionado, sendo mais representativos para o volume de 100ml, com os pacientes mantidos em decúbito lateral esquerdo e a PIV registrada ao final da inspiração. Assim, a posição supina se mostrou inadequada na obtenção indireta da PIA. Esta deve ocorrer, preferencialmente com o paciente mantido em decúbito lateral esquerdo, mediante insuflação da vesícula urinária com 100ml e os valores da PIV registrados ao final da inspiração.