A inflamação do conduto auditivo externo recebe destaque na clínica médica de pequenos animais pelo elevado número de cães que apresentam a doença ao longo de sua vida. Os fatores causadores da otite podem ser descritos como primários, predisponentes ou perpetuantes, e as imprudências em seu diagnóstico somadas ao manejo incorreto de medicamentos alopáticos faz com que o índice de animais que apresentam a doença crônica seja elevado. Assim, alternativas ao tratamento convencional são necessárias. A fitoterapia vem crescendo e sendo estimulada, contudo, diversas plantas com potencial medicinal ainda não possuem sua ação comprovada cientificamente, tendo somente recomendações empíricas. A Waltheria douradinha é uma planta da família Malvaceae cujas ações ainda não foram completamente desvendadas. As opções de utilização empírica lhe tornam uma escolha para o tratamento de enfermidades inflamatórias. Neste aspecto, associamos a necessidade de comprovação científica da ação da W. douradinha no tratamento da otite externa em pequenos animais. Desta forma, este estudo objetivou revisar pontos considerados relevantes para a melhor conduta em casos de otite externa, com o intuito de compreender melhor a dimensão desse quadro médico; avaliar a toxicidade do extrato aquoso de W. douradinha através da utilização em ensaio ex vivo em globo ocular de frangos, por parâmetros macroscópicos e análise histopatológica; testar o efeito citotóxico in vitro causado pela exposição de células ao extrato aquoso de W. douradinha; avaliar a ação tópica do extrato aquoso de W. douradinha em modelo experimental de inflamação induzida no conduto auditivo de roedores; e por fim, avaliar o efeito do tratamento da otite externa infecciosa experimentalmente induzida em ratos wistar, através do uso de extrato aquoso de W. douradinha. A avaliação da toxicidade do extrato aquoso de W. douradinha em modelo ex vivo levou em consideração parâmetros como retenção de fluoresceína, opacidade e inchaço de córnea, além da análise histopatológica. O ensaio citotóxico foi realizado através da exposição de células subcultivadas em placas de 96 poços ao extrato aquoso de W. douradinha, após o período de 48 horas foi acrescido o corante de vermelho neutro e se procedeu leitura em espectrofotômetro de placas. Através da indução de inflamação no conduto auditivo de ratos, com gruposde tratamento à base de W. douradinha em diversas concentrações, foram observados critérios relacionados com a inflação local, como peso por amostra de punch e edema do bordo caudal da pinna auricular dos animais. Para a observação do tratamento da otite externa infecciosa, ratos wistar foram induzidos a inflamação através da instilação de óleo de cróton em seus condutos auditivos, na sequência, também foi instilado Staphylococcus aureus naconcentração de 107. Os animais divididos aleatoriamente foram tratados com o extrato aquoso de W. douradinha por dois, quatro e seis dias, nas concentrações de 100, 50 e 25%, além de grupo controle contendo solução fisiológica. Os parâmetros de peso, edema da pinna auricular foram avaliados em conjunto com a observação através de vídeotoscópio do diâmetro da luz do conduto auditivo externo, com sua coloração e efusão, somado a análise histopatológica. Com os resultados, concluiu-se que o extrato aquoso de W. douradinha possui um baixo grau de toxicidade perante as análises macroscópicas e histopatológicas realizadas em modelo ex vivo, utilizando globo ocular de frangos; o extrato aquoso de Waltheria douradinha demonstrou possuir atividade citotóxica nas concentrações de 1, 5 e 10%, além de efeito característico de ação pró-inflamatória através da indução de edema auricular quando administrado na orelha externa de ratos induzidos a otite com óleo de cróton; por fim, foram fornecidas evidências de que o extrato aquoso de W. douradinha pode ser topicamente ativo para o tratamento da inflamação induzida pelo óleo de cróton. A observação de tumor nas orelhas tratadas, assim como a inexistência de células inflamatórias durante as análises histopatológicas nos denotam o potencial em debelar o agente causador da inflamação.